ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Olhando para a Cara do Sapo
“Monótono:
De um tom único, uniforme, sem variação.”
(dicio.com.br)
E a culpa não sendo do sapo
A uma semana de passarmos para o “Horário de Inverno” ─ atrasando de sábado/30 para domingo/31 o relógio de uma hora (às 02:00 passando a ser 01:00) ─ no dia em se sentiu um sismo em São Miguel de M4.0 (associando logo a notícia à erupção do vulcão de La Palma, dado os Açores serem igualmente de origem vulcânica e distarem de apenas uns 500Km) e em que se ficou a saber (o que já se esperava) que a variante Delta era duplamente mais contagiosa que o SARS CoV-2 original ─ deixando-nos a pensar o que nos reserva agora o coronavírus, com a variante do Delta (começando a ser notícia) ─ não esquecendo a notícia vinda dos EUA centrado numa das suas indústrias centrais (a outra sendo o Complexo Industrial-Militar) neste caso a “Indústria do Cinema”, um dos pilares da manutenção do domínio e da supremacia Global dos norte-americanos (e da Sociedade do Espetáculo) e envolvendo neste episódio o “Imitador” do presidente Donald Trump, Alec Baldwin (no contexto político e interno dos EUA, podendo até dar origem a teorias da conspiração, envolvendo republicanos e democratas), tendo forçosamente de declarar que quanto ao meu país mesmo que estando em muitas áreas muito mais avançado do que os EUA (principalmente no caso de proteção dos mais necessitados ─ a maioria ─ com toda a Europa a dar lições aos EUA) e da toda a proteção dada pela EU, parece em vez de avançar (suspendendo a sua ação) ter planos para (por segurança) recuar. Restando-nos, pois, e para esquecer (continuar a viver/sobreviver) feiras e vinho tinto (daí os indícios, já dados pelos mais jovens).
(imagem: Richard Bartz/wikipedia.org)
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PORTO
Há cinquenta anos a imagem do Porto já era esta. Hoje ninguém poderá negar a beleza desta imagem, mas também não poderão esquecer que atrás deste mundo colorido, ainda existe um outro mundo com pessoas esquecidas e desprezadas e com uma vida de sacrifícios e toda de preto e sem um pouco de branco compreensivo e solidário.
O Porto seria mais belo se tivessem estimado melhor o seu povo trabalhador
O Porto é a cidade onde nasci, frequentei a primária/1.ºciclo e conclui o preparatório/2.ºciclo. Vivi durante estes anos numa habitação situada na Rua do Bonfim – perto da Igreja – e ainda me lembro de ver através da varanda do 1.ºandar – ou então do sótão onde eram os quartos das crianças – o majestoso Rio Douro perto da zona do Freixo, correndo carregado de água entre as suas margens e com a verdejante serra do outro lado, carregada de um arvoredo cheio de vida e de fauna, como pano de fundo de um maravilhoso quadro de criança. Muitas vezes me punha a observar aquela bela e misteriosa terra que envolvia a cidade, cercando um intrincado conjunto de casas amontoadas constituintes desta urbe e que como amante dela me parecia tão perto de mim – à distância de um olhar – mas ao mesmo tempo tão longe fisicamente, não só por me parecer inalcançável devido à distância e a não poder lá estar, mas porque o rio se armava em seu defensor e não me deixava lá chegar. O rio era sempre a minha referência geográfica e do sótão da casa dos meus avós maternos, muitas vezes passava algum tempo a observá-lo, através daquela a que eu chamei em criança “A Janelinha do Douro”. Muitas recordações me ficaram ainda da minha infância, como as fortes trovoadas de Inverno que faziam a casa estremecer – e o medo que elas nos provocavam ao serem acompanhadas por relâmpagos como já não existem –, os incêndios que mais tarde começaram a atingir a serra talvez por interesses imobiliários e ainda a azáfama da vida e dos negócios das pessoas, que trabalhando sem parar até anoitecer, procuravam uma vida melhor do que aquela que tinham na altura e do qual o estado novo pouco se importava.
Nas margens do Rio Douro o casaria já começava a crescer e a subir vertiginosamente, mesmo nas suas margens mais perigosas e inclinadas, aproximando-se rapidamente das zonas da Ribeira – e também do lado de Gaia – e colocando-se frente-a-frente aos barcos rebelos e aos armazéns ligados ao florescente comércio de vinhos, de que o Vinho do Porto era a sua excelência, por interferência e interesse de mercado dos nossos amigos Ingleses. Isto tudo porque ainda me lembro da passagem de carro sobre o tabuleiro superior da Ponte de D. Luís, necessário para se poder atingir a outra margem do Rio Douro e a partir daí poder descobrir o mundo que se estenderia para lá dela e que nos provocava sempre e em criança, um misto de receio e fascínio – pela sua elevada e inusual altura – que nos transportava para um mundo de vertigens, perigo e aventura, ao mesmo tempo conjugado com o maravilhoso espetáculo de assistir de cá de cima – do céu – os carrinhos de brincar que lá em baixo faziam fila pela marginal até ao tabuleiro inferior da ponte, sempre a andarem e sem se verem pessoas, como numa pista de carrinhos de plástico, em que os condutores seriamos nós: aqui seria a nossa imaginação, a criar este mundo de brincar.
(imagem – dipity.com)