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Albufeira

Quarta-feira, 22.01.14

“O que se passa agora nesta cidade, já ocorria há trinta anos – é o que agora se chama, evolução na continuidade (politicamente falando)".

 

Capital do Algarve, Capital do Turismo

 

Inundação na parte antiga da cidade

 

Uma imagem já considerada normal e habitual em Albufeira e transformada ao longo de muitos anos num postal típico da cidade. Já quando aqui cheguei vindo duma região com maior nível de pluviosidade – a região do Grande Porto – estranhei as constantes inundações na época das chuvas, em torno de toda a zona adjacente ao jardim central da parte antiga da cidade, onde se situava então o saudoso lago e as suas árvores carregadas de passarada (durante a época de Verão). Para já não falar da qualidade de construção da maioria das habitações – e refiro-me às mais novas, pioneiras da devastação urbanística local que se seguiu e da política de betão então de vento em popa a nível nacional – que mal começava a chover um pouco mais, clamavam desesperadamente pela presença dos bombeiros (a sirene começava a tocar) por causa da água que vinha de cima. Inundações e infiltrações que depois vim a saber serem habituais e como tal toleráveis: pelo menos nunca resolveram nada, muitas das vezes só piorando as situações e mesmo assim, sem ninguém a exigir contas. Vejam-se apenas as repetidas obras envolvendo todo o sistema de escoamento das águas pluviais realizadas na parte baixa da cidade e as consequências negativas que esses brilhantes projectos de intervenção provocaram em toda a zona adjacente: mais inundações, mais caos em todo o sector comercial aí instalado e até a marmorização do acesso ao mar pela Praça dos Pescadores e o convite ao mesmo para quando quiser entrar pela cidade dentro, o fazer suavemente e com o menor atrito possível, através do “tapete vermelho estendido proveniente das pedreiras algarvias”.

 

Vivi muitos anos naquela que em tempos também foi uma vila piscatória – Espinho – hoje já transformada em mais um local de destino turístico como Albufeira e completamente descaracterizada em construções e pessoas, em função daquilo que antes fora e esquecendo deliberadamente as suas gentes – agora vistos como dinossauros desprezados e em vias de extinção, mas com direito a Museu. A terra continua a ser vítima dos ataques sucessivos do mar e se são os pescadores depois de toda uma vida de trabalho e de sofrimento ainda os mais afectados, até as novas estruturas continuam a ser atacadas, mas agora por incúria, desprezo e absoluta incompetência: basta falar da estratégia falhada dos esporões na defesa da costa e do passeio pedestre adjacente ao mar, agora parcialmente destruído com a passagem da tempestade Hércules.

 

(imagem – albufeirasempre.blogs.sapo.pt)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 01:36