ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Lince Ibérico
Percorrendo várias centenas de quilómetros em regiões desconhecidas, atravessando territórios hostis contando com a presença predadora dos humanos e até ultrapassando cursos de rios surgindo no seu caminho, o lince ibérico demonstra para já uma grande capacidade de sobrevivência e de movimentação no terreno.
Kahn e Kentaro
Como nem todas as histórias acabam mal, temos agora o exemplo de dois linces ibéricos criados nos montes portugueses de Silves e posteriormente libertados na região espanhola de Toledo. Devidamente equipados de instrumentos de localização próprios, utilizados para o estudo das migrações destes animais ao longo da sua busca de novos territórios. Aproveitando ainda para recordar que estes animais selvagens serão sempre libertados em áreas extremamente condicionadas (afectando a qualidade do seu habitat), muitas vezes vendo o seu natural trajecto de vida ser violentamente interrompido pela intrusiva e mortal actividade humana (a eterna luta entre os nómadas e os sedentários).
Numa iniciativa conjunta envolvendo os dois países da Península Ibérica (Portugal e Espanha), dois linces nascidos e criados no centro de reprodução de Silves foram oportunamente libertados no centro de Espanha no seu território natural (numa região onde outrora habitaria o lince ibérico). Tendo sido devolvidos à Natureza nos finais do ano passado, durante os meses em que estiveram em liberdade cada um deles poderá ter percorrido uma distância muito perto das várias centenas de quilómetros. Enquanto o segundo lince (Kentaro) se manteve durante mais algum tempo no local onde fora inicialmente libertado (deslocando-se posteriormente para norte na direcção dos Pirenéus), o primeiro lince (Kahn) abandonou mais cedo o mesmo local dirigindo-se de seguida para sul e de regresso a Portugal (à zona do Alqueva).
(imagens – Web)
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E o Lince foi Envenenado
Kayakweru foi envenenada
Resultado da toxicologia já é conhecido
Está aberto um inquérito-crime na procuradoria de Beja
(expresso.sapo.pt)
Segundo notícia veiculada pelo jornal Expresso a fêmea de lince ibérico encontrada morta no passado dia 12 de Março foi envenenada. O que não é de admirar para quem sabe o que se passa nos campos deste país, onde a falta de segurança aliada à crise social que atravessamos, tem vindo a provocar um aumento generalizado da criminalidade. Desde o roubo de bens materiais acompanhados por actos de puro vandalismo, passando pelo roubo crescente de diferentes animais domésticos e/ou de criação e terminando nalguns desses crimes com casos de agressões e até com a morte de animais. Ainda hoje uma vizinha morando no campo contava que ao chegar a casa já não tinha galinhas nem coelhos; ainda ontem uns turistas choravam a morte dos seus dois cães por envenenamento, ao passearem inocentemente com ambos pelo campo; e ainda agora algo de grave e de semelhante poderá estar a acontecer nalgum lugar pertencente a este nosso mundo dito rural e no entanto sabemos que tudo continuará imutável.
O lince fêmea Kayakweru
A fêmea de lince ibérico KAYAKWERU foi libertada a 7 de Fevereiro. A 12 de Março foi encontrada morta nas proximidades de Mértola. Devido ao desconhecimento da região e à pouca experiência do animal no terreno, rapidamente a fome o levou na sua movimentação (à procura de comida) em direcção a algo que provavelmente lhe chamou a atenção: um isco envenenado e colocado estrategicamente no terreno acabou por a matar.
O que eu questiono mais uma vez é se em todo este programa de integração do lince ibérico nesta região, foram integrados no seu planeamento todos os parâmetros fundamentais para uma integração bem sucedida deste animal. Passando por cima de muitos desses parâmetros (sou apenas um leigo interessado), não entendo como nas circunstâncias actuais um animal deste tipo (não sendo habitual na zona) pode ser libertado num ambiente com um nível de perigosidade extremamente elevado, com fácil acesso a indivíduos e às suas acções predadoras. Quantos cães já não foram mortos um pouco por todo o lado? Muitos deles abatidos a tiro ou envenenados por falsos caçadores.
Não é pois de espantar (segundo a notícia do jornal Expresso) que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas tenha afirmado não ter ainda conhecimento oficial das causas da morte do lince, quando a GNR já sabia e o jornal Expresso noticiou. O que só faz desconfiar das qualidades do ICNF.
(imagem: ICNF/Expresso)
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Mais um Lince Entregue às Feras
“Morreu um lince ibérico que fora libertado no mês passado”
(só não dizem quantos já morreram anteriormente)
Lince Ibérico de nome Kayakweru
(uma fêmea criada em Silves e abatida em Mértola quinze dias depois)
“Enquanto o Estado proíbe os Animais de Circo por outro lado leva todo o seu Cenário Circense até aos pobres dos Animais”
Todos aqueles que colaboram em determinada acção afirmando conhecer (como não poderia deixar de ser) todos os parâmetros que a envolvem (por esse motivo tendo sido os escolhidos e lá colocados), em caso de fracasso terão evidentemente que assumir as suas responsabilidades. Sabendo de antemão que poderão ser considerados responsáveis e/ou coniventes pelas consequências dos seus actos, mesmo que afirmem total desconhecimento (de algo que pelos vistos os ultrapassa culturalmente) e nunca tenha sido essa a sua intenção.
Se nas mesmas zonas muitos animais são constantemente envenenados, abatidos ou roubados (muitos deles para serem comidos pois a fome aperta), o que poderá levar estas pessoas a criarem estes animais (protegidos em cativeiro) e de seguida abandonarem-nos sem nada de concreto que os salvaguarde, nesta nova selva e entregues à sua sorte (neste caso azar). Como todos nós sabemos e tal como nos alarmes o comprovam, os transmissores utilizados na monitorização de animais só nos informam do momento decisivo em que o acto final foi praticado. No resto e quando muito só poderão indicar o trajecto do animal do ponto onde foi colocado (na Natureza), até ao momento em que alguém no meio dela e pensando estar na Selva o viu, disparou e matou.
Um episódio mortal que nos faz lembrar a morte do cão SIMBA, mas aqui com o responsável pelo acto a ser já identificado e caso se confirme a sua acção seguindo logo para a Justiça. Será que o Estado está acima da Lei e para KAYAKWERU não haverá Justiça? Caso contrário e tal como já tem sucedido anteriormente, nos próximos tempos mais outro lince terá a sua alma entregue ao Criador!
(título/negrito e imagem – Expresso)
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Marafado
Lince do Alasca num fim de tarde durante o Verão, com as orelhas em movimento sinalizando atitudes
Estou violentamente chateado.
Chegou o fim-de-semana, não há nada para comer e a Maria ainda não apareceu por aí: deve estar à caça de comida, para alimentar as criancinhas.
As minhas orelhas reflectem a insanidade mental que me vai destruindo por dentro – a fome é grande e ninguém consegue aguentar!
E a moleza com que a orelha direita analisa o mundo, descaindo em sonolência descontrolada e escorrendo sem vergonha o seu odor pelo meu pelo caído, é ainda uma consequência da sujidade que me impregna e da acção malvada da força de gravidade.
Mas ainda me sobra a orelha esquerda, com uma réstia de esperança levantada em forma de antena e sustentando com alegria e coragem, o resto do meu corpo superior.