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Censura na Ilha de Bojo

Segunda-feira, 24.01.22

“University finds novel 1984 ‘offensive and upsetting’”

(rt.com/23.01.2022)

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1984 um livro de Orwell fora da lista

Ofensivo e perturbador

E nem assim se vendo o atingido refletido no espelho

Passando por diversos títulos e por diversos caminhos e atalhos, chegando ao site RT e a uma notícia envolvendo “Educação & Censura” ─ numa situação ocorrida no Reino Unido ─ ficando a saber a partir de um aviso feito aos seus alunos pelos responsáveis da Universidade de Northampton (cidade localizada a norte de Londres), nele sendo citada a obra do escritor inglês George Orwell “1984”, que certas obras de certos autores poderiam ser consideradas “ofensivas e perturbadoras”, dado o material e o conteúdo sendo aí transmitido, envolvendo (e desafiando) entre outros elementos perturbadores temas como (entre outros) ”violência, sexualidade, classes, raças, abusos, ideologias e linguagem ofensiva”, dado exporem explicitamente esses temas e contradições, poderem no final ser demasiado desafiadores para os seus alunos. E entre esses livros encontrando,

Para além de (1) “1984” de George Orwell registando-se ainda (2) “Endgame” de Samuel Becket, (3) “V de Vendetta” de Alam Moore, (4) “Sexing The Cherry” de D. Lloyd/J. Winterson e até (5) “The Curious Incident Of The Dog In The Night-Time” de Mark Haddon ─ este último e envolvendo a morte de um animal, justificando a sua inclusão na lista de obras e autores devendo estar sob constante e atenta observação, dada a particularidade e delicadeza dos temas aí expostos (e sua devida graduação) ─ e francamente não entendo minimamente este processo aparentemente de seleção, mas não apresentando critério algum, senão o de limitação, podendo facilmente levar-nos ao extremo de anular o contraditório (por incómodo), seguindo uma “única direção” ─ ainda-por-cima vindo de uma instituição de nível superior do setor da Educação,

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1933 e a Queima de Livros pelos Nazis

Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas

(Heinrich Heine/poeta alemão)

“There’s a certain irony when universities start adding trigger warnings to 1984. There’s something very Big Brother about it.” (Andre Bridgen/MP Conservador)

Só podendo concordar com a conclusão aí expressa (lendo a notícia da RT de 23.12) de estarmos em presença de mais um caso da mais simples (sendo aplicação) e pura (pela “justificação) “CENSURA”. Institucional, Universitária, certificada e legal e pouco interessando que no Ranking das Universidades Britânicas em 132 esteja em 108º lugar (pois fazendo parte desse “grande” conjunto), em nome dos autores e de todos nós muitos sendo seus leitores ─ tendo eu lido 1984 (entre outras obras de Orwell) e visionado “V de Vingança” (o filme) ─ no mínimo tendo de ser considerado um “insulto à memória e à cultura”, sendo este proveniente de onde vem (de uma instituição universitária), sendo obviamente muito mais grave.

“While it is not university policy, we may warn students of content in relation to violence, sexual violence, domestic abuse, and suicide ”because” some texts might be challenging for some students.” (University of Northampton)

(imagens: panmacmillan.com ─ unsplash.com/rt.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 13:34

BOOST, BOOST, BOOST!

Quinta-feira, 23.12.21

“Felizmente podendo-se VIAJAR de várias formas.”

(circulando, lendo, pensando, sonhando, imaginando)

Tomando conhecimento da informação e da sugestão da possibilidade da realização de uma viagem de comboio, ligando Paris a Banguecoque (a Europa à Ásia) ─ passando por Moscovo (capital da Rússia) e Pequim (capital da China) ─ podendo a sua partida ser associada a outras coordenadas como eventualmente Lagos (localizado no sul de Portugal),

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Cat-Woman

Mulher-Gato

(postura)

Mesmo que vivendo no Algarve e sabendo dos problemas de ligação que teria pelo menos para aceder a uma linha ferroviária espanhola (agora podendo recorrer a Ourense na Galiza e aos comboios espanhóis de ala velocidade) ─ pensando-se na viagem extraordinária de 18.755Km a ser concretizada em 21 dias de que usufruiríamos

Lamentando a falta de tempo (ultrapassada a meia-idade) e de disponibilidade (estando a trabalhar ou mesmo desempregado) para a execução de tal viagem ─ até pelo eu aspeto financeiro ─ não deixando de aproveitar a oportunidade fornecida (por Sophie Dickinson/timeout.pt) para indo até ao Epic Maps (Epic Maps/@LocatiOns),

Dar dois outros saltinhos, dando duas rapidinhas: ficando-me por dois registos, um deles de uma “Mulher-Gato” (Malásia) e o outro de um terminal do aeroporto Charles de Gaulle (França): um pela postura apresentada (de todos, racionais/irracionais, talvez um deles nem tanto) o outro pela sua distribuição geométrica (por centralizada, algo acolhedora).

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Airport Terminal

Aeroporto Charles de Gaulle

(geometria)

[Viagens com que desde sempre tanto nós como a nossa própria sombra sempre quisemos calcorrear (como um só), de início (quando jovem irresponsável) sem entraves conhecidos ou minimamente impeditivos, ultrapassando os nossos limites físicos e deixando-nos levar por coisas para a maioria (talvez) apenas um pouco mais que nada ─ mais tarde (mais velho) e para se alcançar algo, só mesmo socorrendo-se do pretexto da senilidade ─ apesar de todos os percalços e impedimentos ao longo deste nosso trajeto de vida, mesmo que virtualmente com ajuda de livros ou mesmo sonhando (e socorrendo-se de outras estratégias), com estas mesmas curtas/médias/longas “Viagens” (dadas ao nosso usufruto) a serem basicamente o oxigénio necessário para a nossa sobrevivência, mesmo quando aparentamos, estarmos mortos. Na tela daquelas definidas como mais poderosamente coloridas, estando nós ─ integrando todos o elenco (lógico e natural) ─ partilhando o espaço e o seu tempo, equitativamente (não sendo visíveis contraindicações) com outros animais.]

(imagens: TRP/The Rakyat Post/@therakyatpost

e Infrastructure Porn/@infrastructurr em twitter.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 13:41

O Cão de Sócrates

Quarta-feira, 02.03.11

Capa do livro

 

«Desta vez fiz asneira e da grossa. Mas como podia eu saber que aquele pedaço de papel que rasguei e comi era tão especial para o meu dono? Todos os dias lhe como e destruo metade dos papéis oficiais e dos despachos que ele tem em cima da secretária e ele não se importa com isso. Aliás, as coisas que já lhe comi, davam para fazer um livro só sobre isso: um DVD intitulado “Espanhol para falar com Chefes de Estado”, um telemóvel que fazia ruídos estranhos quando se atendia (este por acaso até foi o meu dono que me deu para roer), um livro de poemas autografado pelo Manuel Alegre (ainda por abrir!), uma fotografia do presidente da República que estava a marcar as Páginas Amarelas, três ou quatro orçamentos de Estado (são sempre os mais difíceis de roer). Sempre que tenho estes impulsos de rafeiro, o meu dono faz-me aquela falsa cara de mau e diz-me “Não, pá, isso não pá, larga pá!” mas depois ou toca o telemóvel e ele distrai-se com a conversa ou acaba por esboçar um sorriso e perdoar-me. Desta vez não. Foi tudo muito diferente. Enfim, a culpa é minha. Tinha de acabar em desgraça esta minha mania de me atirar a tudo o que é papel oficial. E o que mais me causa estranheza é que desta vez só roí um papel, um miserável papel. (…) Este era fininho, uma folha apenas, estava cheio de números e letras e tinha um emblema no cimo da página. Uma coisa aparentemente rasca, sem valor mas afinal era valiosíssima! Como é que eu ia saber que aquilo era o certificado de habilitações do meu dono, do seu curso de engenheiro?» Um rafeiro retirado de um canil para viver uma vida de glória, fama e proveito em São Bento. Pela trela ou ao colo, nos momentos difíceis ou nas horas de triunfo, o cão foi uma testemunha ocular e privilegiada do dia-a-dia do chefe do Governo ao longo dos últimos anos. Do Tratado de Lisboa à Cimeira da NATO, das frias relações institucionais com o presidente da República aos calorosos apertos de mão das grandes figuras da política internacional, da crise do Orçamento de Estado para 2011 aos prós e contras da entrada do FMI em Portugal, o cão dá a sua opinião sobre tudo o que aconteceu nos últimos anos num relato detalhado, inédito e original sobre os bastidores da mais alta política portuguesa

PS: o cão encontra-se à procura de novo dono. Aceitam-se inscrições. Obrigado!

 

António Ribeiro - Esfera dos Livros

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 16:42