ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
O Lobo Olli Rehn
“Se o Lobo compreende-se os cordeiros, morreria de fome”
(Henri Michaux)
Comissário Europeu Olli Rehn
Talvez desconhecendo que nem todos fazem parte – pelo menos voluntariamente – do Rebanho regional que ele ajudou a criar, um dos mais proeminentes chefes das Alcateias Europeias veio agora informar, “que o nosso Rebanho local só pediu ajuda, quando já estava encostado à parede”.
Aproveitou a ocasião para acrescentar que avisara o pastor dos perigos dos predadores, ao que este não ligara não renovando os seus cães: não destruindo a matilha o pastor adiou o inadiável e já chegou tarde demais. Esqueceu-se no entanto de invocar o seu estatuto de Canis Lupus e de ser parte interessada na caçada.
Falando directamente para a totalidade do Rebanho deu-lhes ainda a conhecer que o processo não teria sido tão doloroso, se o pastor actuasse mais cedo, dando ouvido aos três porquinhos – assim o Lobo teria investido, destruindo as falsas paredes. Só que mais uma vez teve um lapso de memória, esquecendo-se que um dos três porquinhos se transformara em Pastor Alemão.
Lobo em pele de cordeiro
Baseando a sua teoria na fraqueza do Rebanho, a estratégia do Lobo assentava no reequilíbrio do mesmo: controlando o Rebanho perdido a partir do poder das Alcateias, controlaria os pastores locais, substituindo-os por um obediente e passivo Pastor Alemão. Quanto ao Rebanho seria requalificado, com alguns deles lançados para abate e exportados para consumo.
Confrontado com as alegações críticas e sentidas dos pastores anteriores – que diga-se de passagem sempre fizeram o que os Lobos anteriormente lhes tinham pedido (constrói e constrói que a casa não cai) – a resposta do Lobo foi violenta e imediata: se não tivesse sido esta intervenção decisiva, seriam muito maiores as vítimas das Alcateias – doentes, mutiladas e mortas.
Recorde-se finalmente e para memória futura – já que ela está tão fraca, tão mal vive o Rebanho – que os Lobos apesar de viverem isolados, escolhem juntar-se (em Alcateias) para caçarem. Uma das suas principais características é correr sempre em linha, nunca deixando mais do que um rasto: particularidade que confunde os seus adversários e vítimas, pela negação de alternativas e pela certeza do trajecto. Para além de reconhecerem a hierarquia no seu grupo e de serem extremamente disciplinados, o que faz dele um Grande Caçador.
Pobre do Rebanho, pobres dos cães, pobres até dos pastores – e é o fim da nossa terra.
Tudo enquanto os Lobos (internos e externos) uivam.
(texto: baseado em notícia Económico – imagem: SAPO)
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O Lobo de Yellowstone
Lobo – regressa em 1996 após 70 anos de ausência
O regresso dos lobos ao seu habitat natural contribui para o renascimento da vida e de um ecossistema saudável no parque de Yellowstone. Mesmo assim e apesar dos erros tremendos e criminosos anteriormente cometidos pelos especialistas de sempre, ainda há gente que pretenda retomar de uma forma corporativa e consciente, a cruzada contra os culpados do costume – neste caso, os lobos.
Lobo abatido – 1905 (última matança oficial em 1926)
Desde as origens do parque nacional de Yellowstone que foi permitido o abate de todos os predadores que aparecessem no caminho dos seus visitantes. Sendo um predador inteligente e sem grandes inimigos a considerar, o lobo foi logo considerado um animal indesejável e perigoso, sendo no entanto muito vulnerável à acção persistente dos seus caçadores. Por esse motivo e com o provável objectivo de o proteger, a caça ao lobo foi rapidamente proibida em 1886, quando o exército americano tomou o parque à sua responsabilidade. Mas mesmo assim os lobos foram sendo abatidos sistematicamente, até desaparecerem completamente em 1926.
Reintrodução do Lobo – 1996
Se no dia 1 de Março de 1872, Yellowstone se tornou o primeiro parque nacional a nível mundial, o seu primeiro objectivo foi sempre o de preservar a área dos géisers e das outras maravilhas geotérmicas ali existentes. No fundo os lobos não eram ditos nem achados para a questão, simplesmente não existiam. Só mais tarde é que foi reconhecida a importância da sua permanência em Yellowstone, de modo a evitar-se rupturas perigosas no ecossistema existente.
Recuperação da vegetação (1996) e reintegração do Lobo
(earthsky.org)