ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
A Crise Que Sempre Existiu – Traidores, Doutores e Salsichas
A fórmula perfeita de controlar um povo é mesmo muito simples: basta dar-lhes uma tareia (coisa má e que impõe respeito) e pô-los a pão-e-água (coisa boa e que merece agradecimento)!
O TRAIDOR
Segundo a Bíblia dos Mamíferos, terá sido um lagomorfo em crise de meia-idade e bem integrado no sistema, a denunciar o seu querido Mestre aos políticos poderosos da altura. Outro mamífero – Judas, o primata – foi estrategicamente selecionado para bode expiatório
A crise de meia-idade que afetava o lagomorfo P. P. ORYCTOLAGUS não residia no recente e persistente problema de queda do cabelo – que o perseguia e deprimia – mas na sua incapacidade de ver para além do que a sua vista – cansada e alterada – alcançava. Ainda chegou a utilizar intencionalmente óculos graduados nas reuniões mais importantes em que participou – tentando enganar com a sua “profunda visão de futuro” todos os presentes – acabando no entanto e ingloriamente por bater com a sua cabeça num placard de informação que se atravessou no seu caminho, o que o levou a perder imediatamente a consciência, não o impedindo no entanto e apesar de se encontrar num estado comatoso, de dar o exemplo e mesmo nestas condições continuar heroicamente a governar.
O Doutor CHIM PAN ZÉ
Notável cientista e filósofo da Nova Vaga recentemente naturalizado como cidadão norte-americano, tendo-se diplomado em Estudos Avançados sobre Distúrbios Traumáticos ocorridos em Fases de Transição e de Validação Cognitiva – como a Infância, a Meia-Idade e a Terceira-Idade – pela Universidade Pública do Hawai
No último encontro de Primatas Assumidos – PÁ – dirigida pelo eminente cientista Doutor CHIM PAN ZÉ e realizado numa reserva cinegética situada em Portugal – tendo como tema de debate “A crise na Meia-Idade” – o representante de um desses grupos de primatas convidados, comparou o mecanismo inerente a esse processo cronológico à crise governamental que assola Portugal, em que indivíduos de ambos sexos eleitos como representantes de um mesmo grupo ou família, refletem as suas preocupações para o período de tempo a percorrer, durante a fase associada à terceira-idade.
Face a este caso típico de crise de valores macro biológicos, associado a uma depressão profunda e crescente que tem vindo a afetar progressivamente – e de uma forma doentia e esquizofrénica – toda uma faixa maioritária de governantes e seus auxiliares tendo já ultrapassado os 40 anos, o debate acabou por se centrar na necessidade de impor aos nossos líderes nacionais, uma prova factual e pessoal da ultrapassagem natural desta crise vivida por todos os primatas do mundo, de modo a não afetar perigosamente e sem necessidade a vida dos restantes primatas, apenas porque uma minoria não quis enfrentar a realidade da vida, nem sequer ver a sua verdadeira imagem refletida no espelho.
A SALSICHA
Patrioticamente a empresa ligada à Industria e Comércio de Carnes não reagiu às declarações abusivas do representante dos lagomorfos, ao querer comparar a boa gestão e todo o esforço bem-sucedido – da SICASAL – com o seu sucedâneo de governo
O representante português dos lagomorfos a este encontro – convidado a estar presente como observador – foi um dos participantes a este debate mais solicitado pelos restantes convidados – esmagadoramente constituído por primatas – não só pela sua opção por mecanismos de reprodução intensiva em locais criados propositadamente para o efeito, como pelo facto estranho de um outro mamífero com capacidades intelectuais inferiores, poder dirigir num determinado espaço e momento a ordem dos primatas – onde até o Homem se encontra incluído.
O representante dos lagomorfos ao encontro dos PÁ – referido como um coelho português chamado P. P. ORYCTOLAGUS, recentemente saído da cartola e habitando num viveiro localizado nos subúrbios da capital do seu país – não foi capaz de explicar devidamente, com censo e sentido de responsabilidade, a sua opção pela reprodução artificialmente assistida, invocando em sua defesa ter sido eleito pelos próprios primatas para os representar e defender e além disso, apresentar cauda curta e pernas e orelhas compridas – o que comprovava que o lagomorfo não se poderia confundir nunca com um qualquer tipo de macacóide, mesmo que fosse responsável como ele e andasse à procura da mesma banana. Os primatas mais radicais responderam que se orgulhavam muito do seu dedo polegar, do seu dedo indicador e do seu dedinho do meio, este último muito utilizado por alguns deles, quando queriam demonstrar aos mais distraídos qual a sua opinião face às brilhantes ideias de algumas animais, transformadas voluntariamente em bestas de carga, em troca de um miserável fardo de palha.
(imagens – NG e Web)