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Os Bonecos – A Máquina Preservativa

Terça-feira, 12.02.13

“O objectivo da utilização – pelo Povo – do Instrumento, pode não estar de acordo com a finalidade atribuída – pelo Estado – ao Aparelho”

 

O pénis do António – um grande ícone – com a presença dos incontroláveis mirones

(poderia ser a vagina da Maria)

                                          

Século XX

 

Um dia o António decidiu que estava na altura de pôr o seu instrumento a funcionar. Á sua volta o caos estava instalado e no meio da crise política e social que o rodeava e asfixiava, os seus amigos não sabiam como o pôr a funcionar. Então decidiram apoiar a iniciativa cultural do Governo e colaborar na constituição de sociedades parasitárias envolvendo sexo e perspectivas futuras de dinheiro. Aí entro eu o imbecil e a minha não participação interventiva na acção sexual revolucionária, de fornicar indiscriminadamente tudo o que aparecesse à minha frente. Mesmo com mais de 50 anos de idade – e como homem (se fosse mulher seria idêntico) – ainda me sinto traumatizado pelos encornadores oficiais de mulheres, que encostados (como sempre o fizeram) numa esquina ou à espera no aeroporto, garantiram mais uma reforma à custa de uma miragem de viagra social – fossem elas de leste ou sul-americanas. Ou será que a elite não conhece os seus súbditos, instrumentais ou sexuais?

 

Eu fiz parte – infelizmente temporariamente – desta elite portuguesa (muito “menos pior” do que a actual, que só herdou e não produziu); mas os meus maiores inimigos – mesmo que passivos – estão entre o meu grupo restrito e de confiança familiar, ou então entre aqueles que mais defendem os iluminados paridos com substância e que no entanto mais os violam psíquica e fisicamente – mas que estes aceitam com cerimónias de glória e de consagração apenas porque são pagos num bordel, onde o que se vende não se limita ao corpo mas até ao mais profundo e controverso elemento da nossa alma – o que nos resta a mente!

 

Os filhos do António – um mero objecto – já sem a presença dos incontroláveis mirones

(poderiam ser os filhos da Maria)

 

Século XXI

 

Um dia o António verificou que o seu instrumento não saía da sua posição de repouso.

Antropólogos portugueses do século XXI – os filhos cromossomáticos – especializados na análise de documentos originários em fontes fidedignas do século XX – os pais cromossomáticos – acabaram recentemente por divulgar os resultados de um estudo inicialmente dirigido à analise comparativa entre o tratamento privado e o tratamento público, oferecido aos reformados institucionalizados com a bênção do Estado (ou com o beneplácito das famílias) – desde que integralmente pagos (contabilisticamente ou em saco azul) e declarados (em fonte de IRC/IRS).

 

Acabaram por se deparar – após um longo (com crédito para os analistas) e penoso (com débito para os analisados) período de análise – perante um cenário no mínimo macabro.

E se por um lado – e numa perspectiva normal – o espectáculo poderia fazer parte de um qualquer filme de zombies ou de terror, por outro lado – que eu consideraria anormal – seria sempre um verdadeiro sucesso a nível económico.

Nas unidades públicas os velhos morriam às centenas, enquanto que nas unidades privadas morriam aos milhares. As primeiras – públicas – eram fechadas e os velhos “fugiam” para outras; as segundas – as privadas – eram multadas mas os velhos já estavam “mortos” (para darem lugar a outros potenciais mortos).

 

Velhos

Unidades

U.C.

1 Velho no Público

1 Unidade Leiga/Não Especializada de Emprego

0-1

1 Velho no Privado

N Unidades Eruditas/Especializadas a Nível Administrativo

1-100

 

Fonte – Sábios Oficiais Independentes

(U.C. – Unidades de Custo)

 

Mas um dia os Bonecos revoltaram-se. Enforcaram-se em todas as árvores que encontraram à sua volta, mostrando com o seu acto insano – e aos seus criadores – o que o mundo e a natureza ainda lhes poderiam reservar. Os objectos que eles reflectiam seriam então absorvidos, transformando-os em vampiros e impedindo-os para sempre, da companhia da sua narcísica imagem. Uma grande tragédia!

 

(imagem – google.com)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 11:46