ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Dois Poderes, Guerra Total ─ Ontem, Hoje e Amanhã
Fez ontem 50 anos (4 de maio de 1970) que, inserido nos Eventos internos relacionados com a Guerra do Vietname (1955/1975) e após a declaração do então presidente dos EUA Richard Nixon de invadir o Camboja (30 de abril de 1970),
Richard Nixon em 30.04.1970
anunciando a intervenção dos EUA no Camboja
(Guerra do Vietname 1955/75)
Tropas norte-americanas interferiram não no conflito externo em curso na Indochina (englobando o Vietname, o Camboja e o Laos) mas num conflito interno entre civis provocado por uma manifestação estudantil Antiguerra: com soldados da Guarda Nacional (integrando as forças armadas dos EUA) disparando sobre estudantes manifestando-se contra a Guerra do Vietname (passando a partir daí a integrar o então neutral Camboja) na Universidade da cidade de Kent (localizada no estado do Ohio) ─ isto após o anúncio feito dias antes e pela TV pelo então presidente Richard Nixon de atacar o Camboja ─ disparando “balas reais” e matando 4 estudantes e ferindo ainda outros 9: e fazendo-o de uma forma caótica/aleatória, uns porque lá estavam outros pelo azar de por lá terem passado.
“Right here! Get Set!
Point! Fire!”
(ordens de comando para a Guarda Nacional)
Naturalmente provocando uma enorme onda de indignação por todo os EUA e como forma de protesto (Civil), provocando o encerramento de muitas escolas e de universidades norte-americanas colocadas perante uma greve de cerca de 4 milhões de estudantes. Infelizmente mais um dos acontecimentos históricos esquecidos no tempo (como tantos outros em que “o poder é anti poder”) e estrategicamente retirados da memória e da cultura de um povo e do seu território, ainda-por-cima agora que o “poder das armas” (e dos seus intermediários militares, utilizando balas) foi (parcialmente) substituído pelo “poder dos média” (e do seus intermediários civis, os “fazedores-de-opinião): aqui só sendo recordado pelo jornalista Paul Street por publicado na RT (como diria se vivesse o momento Richard Nixon, um “Santuário de Comunistas”).
"My God! My God! They're killing us"
(Ron Steele of Buffalo: "I thought the soldiers had gone insane
or it was some kind of accident.")
Felizmente que recordando o passado e os tempos da Radio Argel ─ Radio Voz da Liberdade com a “voz” de Manuel Alegre (escutando-se meio escondidos pelo início da madrugada) ─ e devido à necessidade que se tinha então (na segunda metade dos anos 1960) por ação contínua e sistemática da censura de se conhecerem notícias sobre o nosso próprio país (mergulhado numa crise tremenda, não só com os portugueses a fugirem da miséria e da fome como da guerra colonial e da morte), retendo na memória de alguns de nós (pais e filhos e outros descendentes) que por vezes para sabermos algo mais e que se aproxime mais da verdade (da realidade), por vezes tendo-se que recorrer a fontes exteriores por mais distantes de nós que nos pareçam (no fundo coexistindo connosco): algo que infelizmente se tem perdido no tempo face à torrente imparável de FAKE NEWS e à DISTORÇÃO e até mesmo inversão da HISTÓRIA vomitada constantemente pelos MÉDIA (atuais), por associação fazendo-me desde logo recordar a diferença extrema por aberrante, entre aqueles que antes, ansiosamente e por puro prazer procuravam (a aventura, a descoberta, a experiência) e aqueles que depois (hoje) apenas olham para o que alguns lhes apontam (o sedentarismo de um quotidiano monótono, mais de acordo com o de uma máquina).
Localização do tiroteio de 4 de maio de 1970
indicando estruturas/tropas/vítimas/orifícios das balas
(Universidade de Kent, estado do Ohio, EUA)
Vivendo-se no presente num Mundo em que um vírus matando (suponhamos) 300.000 de pessoas (mas não tendo sido bombardeado, deixando de pé todas as suas infraestruturas) ─ ou seja cerca de 0,004% da sua população ─ mergulhou o planeta num caos vendo-se mesmo já lá ao fundo o precipício.
(imagens: Richard Nixon Foundation/youtube.com ─ Howard Ruffner/Getty Images
─ John Paul Filo/time.com ─ wikipedia.org)
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Abandono da Lua
“We choose to go to the moon”
John Kennedy – Universidade Rice – 1961
No mês de Dezembro de 1972 o módulo lunar da missão Apollo17 – lançada pela agência espacial norte-americana NASA – aterra sobre a superfície da Lua.
Richard Nixon era então o presidente dos Estados Unidos da América, a guerra do Vietname aproximava-se do seu fim e em Portugal Marcelo Caetano assumia-se como o continuador da obra de Salazar.
Dois astronautas da missão Apollo17 – Cernan e Schmitt – passeiam-se na região da cratera Shorty
Tudo isto se passou há mais de quarenta anos mas até parece que foi hoje! Então o que é que terá levado os norte-americanos a abandonarem este projecto tão ambicioso? Provavelmente os primeiros sinais evidentes da recessão económica que aí vinha com a aproximação da crise do petróleo de 1973, a qual que iria afectar gravemente os EUA e todo o resto do mundo, levando os norte-americanos a redireccionar a sua estratégia em direcção ao Oriente produtor de petróleo e a apoiar o estado de Israel na guerra do Yom Kippur – contra os seus inimigos dos países árabes que além de controlarem a OPEP e dessa maneira o preço do petróleo, ainda eram amigos dos comunistas da União Soviética.
Muitas outras explicações se poderão encontrar para o sucedido: desde os perigos que envolviam os astronautas nesta missão tão complexa a um mundo desconhecido e tão distante do nosso, passando pelos altíssimos custos a suportar para a concretização deste projecto numa altura de pré-recessão económica mundial, até às teorias conspirativas que envolveram o fim do programa Apollo, algumas delas falando da existência na Lua de vestígios de outras civilizações anteriores à nossa ou mesmo da presença por essa altura no satélite natural da Terra, de seres alienígenas provavelmente hostis. O que é certo é que hoje em dia voos tripulados só os efectuados entre as bases terrestres e a Estação Espacial Internacional (ISS). Todos os restantes voos tripulados foram suspensos indefinidamente, apesar do sonho humano das grandes viagens interplanetárias e da descoberta de outros novos mundos habitáveis continuar a invadir a nossa imaginação e dessa forma acabar por contribuir decisivamente para a manutenção da nossa esperança no futuro.
A Lua poderá ser a nossa cara-metade ou então o espelho da Bruxa; e a face oculta da Lua, será a outra face do espelho. De qualquer forma o Universo será sempre fantástico e gostaria de o conhecer nem que fosse por interposta pessoa: quem não gostaria de estar – ver, partilhar – no espaço onde os outros estão e continuar a estar sem nunca os perder de vista?
(imagem – huffingtonpost.com)