ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
O Incêndio de Pedrógão Grande
“A catastrophic wildfire believed to be caused by a dry thunderstorm has killed more than 62 people near Pedrógão Grande, central Portugal early Sunday, June 18, 2017. Most of them died in cars while trying to escape, officials said. Local media said several houses were destroyed and more than 60 people injured, among them several firefighters. The death toll is expected to increase.” (watchers.news)
Dos mais de 60 mortos mais de 30 encontrados no interior dos seus automóveis e menos de 20 encontrados caídos na estrada ‒ ou seja mais de 80% do total das vítimas mortais
Nesta sequência de três imagens obtidas a partir do espaço e da responsabilidade da NASA, pode-se ver a evolução verificada durante três dias na região de Pedrógão Grande: sem nada visível a 16 (sexta-feira), com os primeiros sinais a 17 (sábado) e com o incêndio já bem lançado a 18 (domingo).
16 Junho
(sexta-feira)
Numa tragédia pretensamente iniciada num raio originado numa trovoada (um fenómeno conhecido mesmo com tempo seco) e que na sua deslocação terá atingido uma árvore responsável pela eclosão de um grande incêndio: numa propagação fulminante destruindo tudo à sua passagem e fazendo mais de 60 vítimas mortais (e com o número sempre a aumentar).
17 Junho
(sábado)
E que possivelmente até como manifestação de solidariedade e de apoio para com todas as populações envolvidas, mereceria alguma Auto culpabilização por parte de algum responsável mesmo com a apresentação de uma mísera demissão: não pelo que ele terá feito mas na sequência das práticas nulas dos seus antecessores (renegando as suas práticas e apoiando as suas vítimas).
18 Junho
(domingo)
Perante um cenário dantesco fazendo-nos lembrar um pouco a série The Walking Deads, com uma longa estrada rodeada de uma paisagem pós-apocalíptica completamente deserta de algum sinal de vida e juncada de carros completamente calcinados, oferecendo-nos o retrato fiel de um mundo esquecido e abandonado à sua sorte: onde já nada existindo (o poder tratou disso) não havendo mesmo nada a fazer (pelos poucos que ficaram).
(imagens: cetusnews.com/AP e worldview.earthdata.nasa.gov)
Autoria e outros dados (tags, etc)
A Culpa terá sido da Árvore
[Ou indiretamente do raio]
Mais de 60 Mortos
Mais de 60 Feridos
(num cenário arrepiante e a mais de 40⁰C)
Como é possível declarado um incêndio e projetada a respetiva intervenção (com toda a região em princípio em estado de alerta) haver mortos cercados em casa ou em carros calcinados na fuga? Quando a primeira coisa a fazer pelas autoridades seria a de salvar pessoas (com tantos idosos vivendo em casas isoladas) e criar caminhos de fuga (com tanta gente em desespero a fugir sem saber bem para onde).
Carros calcinados na estrada onde se registaram mais vítimas
Entre Castanheira de Pêra e Figueiró dos Vinhos
(com as vítimas a serem apanhadas na sua fuga desesperada ao inesperado incêndio)
Num incidente com mais de 120 vítimas (segundo dados mais recentes mais de 60 mortais e mais de 60 feridos) localizado num triângulo envolvendo zonas interiores/exteriores aos seus vértices e tendo como referência as localidades de Castanheira de Pêra, Pedrógão Grande e Figueiró dos Vinhos (o incêndio terá começado em Escalos Fundeiros/Pedrógão Grande com um raio a atingir uma árvore), um incêndio inicialmente controlado (mas não dominado) ao aumentar repentina e inesperadamente de intensidade descontrolando completamente o cenário do momento e a estratégia de combate às chamas inicialmente previsto (ainda por cima acabando por associar-se a outras frentes já ativas como o do grande incêndio de Góis um concelho limítrofe ao de Pedrógão Grande), acabou por se transformar numa das maiores tragédias ocorridas em Portugal (veremos os números que atingirão no rescaldo os danos materiais e pessoais) tendo como responsável único as leis da Natureza. Para já e pelo menos enquanto o incêndio não termina, as temperaturas não descem e o medo e a incerteza não se dissipam, com todos os responsáveis a apontarem para as condições climatéricas com que o país se deparava nesse dia e particularmente nessa zona do interior, para justificar o imprevisto, o completo caos instalado e as dezenas de vítimas mortais: para lá de todas as vítimas caídas como heróis no terreno de combate, dos quais se destacam e como sempre os residentes e os bombeiros (os únicos combatentes) ‒ lutando com as suas mãos para salvar o maior número de vidas, mesmo podendo por em causa a sua própria existência ‒ deixando-nos ainda algumas dúvidas sobre o papel de alguns responsáveis e sobre a sua competência (que não apenas curricular).
Uma das vítimas do incêndio numa das estradas em redor de Pedrógão Grande
(por onde muitos tentaram fugir e onde muitos caíram pelo fogo ou por intoxicação)
Entre os mais de 60 mortos com metade a morrer em fuga de uma praia fluvial
Esperando-se agora pelos próximos dias para ver (deixando-se assentar toda a poeira) o que as autoridades pensam (e concluem) sobre esta grande catástrofe humana (natural e/ou artificial) que para além de destruir uma região (já por si abandonada) também destruiu a vida de muitos dos seus (e cada vez em menor número) residentes: só se esperando que depois do poder os expulsar para o litoral (por uma questão de sobrevivência) ainda acusem as vítimas de incúria na limpeza dos terrenos ‒ mas feitos por quem e pagos por quem? E face a todos os conhecimentos postos hoje à nossa disposição para tratar de fenómenos como o registado em Pedrógão Grande, não se podendo unicamente atribuir a culpa a um raio e a uma maldita árvore que estava no seu caminho: e o calor, e o ar seco, e a humidade praticamente nula dos terrenos, e as diversas camadas de ar a diferentes temperaturas comprimidas e circulando livre e caoticamente entre vales e serras, e as condições climatéricas exteriores propícias à ocorrência deste tipo de fenómenos, nada disso conta (para a Prevenção) ‒ numa demonstração cabal da total incompetência de alguns desses responsáveis pela preservação da Natureza (por exemplo prevenindo possíveis situações de incêndios) e de como o ordenamento do nosso território se encontra num caos criminoso, sem retorno à vista e todo entregue aos critérios aleatórios da Natureza (a culpada) e da selvajaria do Homem (nunca se podendo esquecer como o interior foi abandonado, com os seus naturais a serem obrigados a deslocar-se para o litoral para sobreviverem e desse modo como seria logico e como já todos esperavam, deixando o campo e a floresta ao abandono e assim proporcionando a trágica intervenção humana/com a eucalitpização do país e até a aleatória intervenção natural/com o Homem escancarando-lhe as portas).
Tendo que haver responsáveis para além do raio e da árvore!
(imagens: mogaznews.com e chron.com)