ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Os Vaga-Lume
[Vaga-lume ou Pirilampo são insetos coleópteros notórios por suas emissões de luz bioluminescente. Uma das espécies mais amplamente distribuídas e mais comuns na Europa, é a Lampyris noctiluca, na qual apenas os machos são alados. (wikipedia.org)]
O problema não reside na divisão do território entre rural e urbano (onde está a fronteira, já que interligados, um depende do outro), mas de como o Homem se “serve” destes dois tipos de organização: ignorando um deles (desprezando as diferenças e otimizando os lucros) ou tentando simplesmente replicar um no outro. E não ver mais os Pirilampos (quando eles ainda andam por aí) – exceção feita ao artificial e comercial Pirilampo Mágico − sendo uma consequência disso.
O VAGA-LUME ou o PIRILAMPO
(da minha terra, da minha juventude)
Recordando os bichinhos-voadores e luminosos que com o chegar da noite e já no decorrer das férias grandes de Verão − com as suas características noites quentes convidando a sair de casa − se cruzavam connosco nos campos rodeando a cidade de Espinho, num tempo em que o sector imobiliário e paralelamente ao mar ainda pouco se estendia para além da Avenida 24 (em terrenos que poderíamos considerar agrícolas, estendendo-se meio aleatoriamente até Anta) e em que toda a fauna e flora local então existente ainda se aproximava e interrelacionava connosco: sinalizando a sua presença a partir de certas horas e conjuntamente connosco brincando e iluminando algumas das nossas aventuras − noturnas, de socialização, de exploração e típicas da juventude (algo que não deveria ser típico num momento, mas estender-se a todos as fases evolutivas da nossa vida).
Com o desenrolar do percurso destruindo inexoravelmente o campo (incluindo tudo o que ele representava, como por exemplo a Agricultura) e pulverizando-o em nome do progresso e do desenvolvimento (ainda-por-cima dito sustentado) debaixo de toneladas de cimento, de betão, de asfalto e outros produtos químicos, podendo afirmar que passado meio século e já depois de posteriormente ter assistido à destruição de mais esta “típica” vila piscatória de Portugal (como o poderiam dizer “os desterrados” da vila piscatória de Albufeira) – “destruída a memória e a cultura dos nossos antepassados e escrita a sua história por estrangeiros, restando apenas uma adaptação exterior e abusiva da realidade do passado” – ao chegar à minha antiga terra com tristeza e com algumas lágrimas nada sentir (como se nunca lá tivesse tido raízes), não sentindo os edifícios nem a presença das pessoas que anteriormente e em Espinho (mais ou menos afastadas) me tinham acompanhado: não estando eles mortos estando eu!
(imagem: Japan’s Fireworks/Shutterstock.com/earthsky.org)
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A Estratégia de Lúcifer
Luciferina (do latim lucifer, "que ilumina") é uma classe de pigmentos responsável pela bioluminescência em alguns animais, fungos e algas, como por exemplo os pirilampos. O termo luciferina é usado para se referenciar a qualquer molécula emissora de luz usada por uma luciferase ou fotoproteína. (Wikipedia)
Pirilampo
O mundo está cheio de multidões de pirilampos, só que a maioria deles ainda não compreendeu bem o papel que lhe foi atribuído e por esse motivo andam todos “fundidos” e aflitos.
Como sabemos o pirilampo é um insecto único, que todos nós já vimos mais do que uma vez passar a brilhar ao anoitecer à nossa frente, durante as agradáveis e voluptuosas noites de Verão.
Muitos de nós já os perseguimos encantados pela luz emitida pelo seu pequeno corpo de insecto voador – como se fossemos nós, desvendando mistérios da noite e munidos duma poderosa e protectora lanterna – curiosos com esta particularidade que lhes permite com segurança iluminar e dominar a noite.
Ou não será bem assim para o pirilampo? O que é certo é que essa luminosidade emitida por estes interessantes e estranhos insectos – até o Homem precisa de lanternas artificiais – é devida à existência no seu organismo de uma substância, que à passagem de ar no seu abdómen, reage emitindo luz. Chama-se curiosamente Luciferin.
Muitas explicações – mais ou menos credíveis – têm sido dadas como justificação para a existência desta substância no corpo de muitos seres vivos, como é o caso do pirilampo. A mais credível assenta na teoria – bem “humana”, diga-se – de que são os machos sedentos de sexo e de prazer a emitir estes flashes luminosos como pedidos de acasalamento, ao que as fêmeas respondem da mesma forma, em muitos dos casos não na procura de romance, mas apenas para se alimentarem, comendo-os. Santinhos!
Outros investigadores – ingénuos ou intrujões – ainda nos tentam convencer que a luzinha apenas serve para assustar e afastar os predadores dos pirilampos, mas alguns sapos discordam peremptoriamente desta explicação, deliciando-se a comer montes deles – como muitos algarvios comem agora, uns caracóis bem regados com uma cervejola – e começando agora eles também a brilhar.
(informação e imagem – earthsky.org)