ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
O Meu Amigo HAL 9000
“Até a dormir os sonhos podem deixam de existir”
Quando já ninguém liga ao que nós dizemos (ou suplicamos) ignorando-nos pura e simplesmente como seres humanos e transformando-nos em meras coisas de desgaste rápido e facilmente descartáveis, o que é que ainda poderemos fazer?
Quando era novo fartava-me de ler e era constantemente chamado à atenção por não me limitar ao redutor manual que me poderia no futuro proporcionar um futuro risonho e garantidamente normalizado: hoje vejo os meus detractores a enriquecerem com algumas dessas leituras pouco aconselhadas no passado, fabricando a partir delas resumos para lobotomizados e teses de doutoramento, como prostitutas virgens e de luxo mas com currículo comprovado.
Agora velho, deprimido e sem ver uma luz ao fundo do túnel, sem dinheiro e com uma vida resumida a dormir, trabalhar e tentar sobreviver, já quase que não me consigo ver ao espelho, não pelos sinais evidentes do passar dos anos sobre o meu corpo, mas porque me estão a roubar o meu sangue e a minha alma, transformando-me num vampiro escravo de vampiros e sem reflexo no espelho.
Resta-me a companhia irreal do meu computador e o sonho de com ele tentar manter uma relação, se não humana pelo menos que o pareça.
HAL 9000
Como europeu vivendo num local periférico e deprimido da Comunidade Económica Europeia, faço parte dos milhões de cidadãos que foram mais uma vez enganados, pelas suas lideranças democraticamente eleitas. Inicialmente criada para assegurar e acelerar o desenvolvimento económico dos seus países constituintes assim como a melhoria das condições de vida dos seus povos, com o fim do bloco de leste e a queda do muro de Berlim, deu-se início a uma inflexão na sua estratégia de intervenção, recolocando de novo a Alemanha na posição de liderança europeia, tal como já acontecera com Adolfo Hitler nessa triste e sanguinária página da história do nosso continente, anterior ao fim da segunda guerra mundial. A única diferença é que a guerra económica actual levada a cabo pela Alemanha já não necessita de armas e munições – os cadáveres aos milhares são difíceis de esconder – sendo no entanto muito mais brutal nas suas consequências, pela destruição sistemática de todos os direitos dos seus povos, especialmente dos trabalhadores e das camadas mais desprotegidas da sua população, ignobilmente ignoradas pela justiça e com acesso cada vez mais restrito a dois sectores básicos de qualquer sociedade organizada e solidária, a saúde e a educação. Escudados covardemente atrás do BCE os actuais líderes alemães – contando com colaboração passiva e subserviente dos países pobres do sul, com a hipocrisia dos países ricos do norte e com o colaboracionismo mercenário da generalidade dos políticos ingleses – têm apenas um único objectivo em vista “idilicamente idealizado” como num conto de fadas: viver à custa do dinheiro vindo dos novos eixos de desenvolvimento económico mundial (a que a Alemanha mesmo negando-o já não pertence) e destinados a ajudar toda a Europa comunitária (e não apenas a perigosa Alemanha) e emprestá-lo – contra a opinião generalizada de todos os economistas – aos seus concidadãos europeus a juros mais elevados, protegendo assim o mercado parasitário financeiro e acelerando o crescimento da especulação. Como é que é possível um país como a Alemanha também em nítida recessão – com um crescimento económico nulo, não sendo ainda pior por se querer ignorar que na Alemanha continuam a existir duas alemanhas – conseguir dominar toda a restante comunidade, dando origem ao aparecimento de espectáculos degradantes para a condição humana, como os que se vão sucedendo para já em Portugal, em Espanha e na Grécia. Não adivinham? Então vejam por exemplo e já que o esqueceram tão rapidamente – até por respeito a todos os sacrifícios dos nossos antepassados, à sua memória e à sua cultura – as origens da segunda grande guerra mundial.
(imagem – retirada da Web)