ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Morreu Otelo, o Eterno Coordenador do MFA
“Dirigindo as operações da revolução a partir do posto de comando no quartel de operações no Regimento de Engenharia n.º 1, na Pontinha, nos arredores de Lisboa.” (25.07.2021/MadreMedia/24.sapo.pt)
Recuando a 25 de abril de 1974 e à constituição da Junta de Salvação Nacional (liderado pelo General António de Spínola), levando nem um ano depois à sua extinção e substituição pelo Conselho da Revolução (liderado pelo Presidente Costa Gomes),
Reunião do 1º CR presidido por Costa Gomes e contando com a presença de Otelo
(entre militares, 3º à direita contando a partir do Presidente)
─ 1ª reunião do Conselho da Revolução realizada a 25 de março de 1975 (11 meses depois da Revolução do 25 de abril) ─
Recordando ainda deste período conturbado da evolução da que seria, a futura classe política portuguesa (ainda hoje persistindo ou entretanto tendo sido descontinuada), nomes de civis relevantes (no seu percurso de vida política) como Mário Soares e Álvaro Cunhal e de militares (decisivos no Golpe) como o do incontornável Capitão Salgueiro Maia e do controverso Capitão Otelo Saraiva de Carvalho: o Capitão de Abril Otelo, nascido na antiga Lourenço Marques (hoje Maputo, capital de Moçambique) e falecido hoje em Lisboa (no Hospital Militar) aos 84 anos de idade.
Passados mais de 47 anos sobre o “25 de abril” (e como sempre acontece, com a minoria maioritária, os hoje quase 8 biliões de almas) com o seu importante papel na História (recente) de Portugal ─ até como símbolo da transição de regimes ─ nunca sendo devidamente reconhecido: pertencendo ele aquela camada intermédia de portugueses (aqui utilizando a sua experiência militar) reconhecendo não ser através da Guerra e da manutenção das colónias, que se poderia garantir (deixando de se manter isolado face ao crescimento e desenvolvimento da Europa) o futuro de Portugal.
Desiludido c/ o processo social, económico e político, levando aos dias de hoje
(sendo tal como muitos de nós e nesta curta vida, um homem por completar)
Infelizmente afastando patrões e trabalhadores das decisões sociais e económicas fundamentais, através de um golpe aparentemente impercetível (mas sustentado) colocando no poder os “fiéis, mas perigosos” gerentes e capatazes ─ os parasitas e intermediários ─ ainda hoje no poder ou não tendo tido sucesso (pretendido), chamando de novo a si (como se nada tivessem a ver com a anterior queda destes) os antigos patrões.
No dia da morte de Otelo Saraiva de Carvalho morrendo mais um bocado daquela festa memorável que foi e será para sempre o 25 de abril de 1974 (e os curtos momentos verdadeiramente revolucionários que se lhe seguiram), mesmo que a História deste Novo Regime (o Espaço e o Tempo não desaparecem, desaparecemos todos nós) a queira apagar, nunca o conseguindo existindo sempre vestígios (na terra, no mar, no ar e até para além dele) da nossa passagem pela Terra (dela saindo e nela reentrando).
(imagens: Arquivo DN/tsf.pt ─ asvoltasdomarreta.blogspot.com)
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25 de ABRIL – Já lá vão 42 anos
“A libertação deu-se já à noite, e à luz dos archotes, os presos levados em triunfo, os cantos revolucionários, o entusiasmo da imensa multidão que se juntara desde a véspera constituiu um espectáculo de beleza rara e duma emoção que ainda hoje me comove, me inebria e me faz sentir feliz, por ter cumprido, como português e como homem, tudo o que me foi possível e me foi pedido para libertar Portugal.” (Francisco Sousa Tavares – Aquando da libertação dos presos políticos da prisão de Caxias – sábado.pt)
Comemoração do 1ºAniversário do 25 de Abril de 1974
(José Vilhena)
Há 42 anos num golpe de estado levado a cabo pela ala militar no poder, Portugal deixou finalmente para trás o que restava do chamado ESTADO NOVO: no dia 25 de Abril de 1974 já depois do desaparecimento de António de Oliveira Salazar e com Marcelo Caetano no poder, deu-se a chamada REVOLUÇÃO de ABRIL e a chegada do regime democrático.
Mesmo apanhado de surpresa o POVO reagiu de imediato e fundamentando-se nas suas razões (que não eram poucas, como o do envio dos seus filhos para a morte na Guerra Colonial) apoiou desde as primeiras horas o golpe, incentivou-o até à exaustão e aos poucos tentou ingenuamente assenhorear-se dele.
Estando ainda na memória de muitos a operação militar levada a cabo por SALGUEIRO MAIA no cerco ao Quartel do Carmo, onde no meio de uma enorme multidão entusiasmada e que assistia a este acontecimento único e marcante na cronologia do golpe, Marcelo Caetano (aí refugiado) se rendeu, com ele ruindo o que ainda restava da herança do SALAZARISMO.
Quarenta e oito anos após o golpe de 28 de Maio de 1926 que consagraria mais tarde a Constituição de 1933 e introduziria o regime do infelizmente célebre ESTADO NOVO, Portugal virava finalmente a última página da sua História tentando encaminhar-se finalmente na direção de um regime DEMOCRÁTICO.
É certo que estes momentos duraram apenas uns poucos dias, já que pouco tempo depois da concretização do golpe a esmagadora maioria dos políticos (de todos os quadrantes) trataram logo de controlar o povo, manipulando-o e começando-o a dividir em pequenos grupos. No entanto nunca fazendo esquecer o ponto alto destas grandes manifestações populares que se realizaram após o fim do ANTIGO REGIME, o 1º de MAIO DE 1974.
Hoje e de ontem pouco resta – a não ser uma noção cada vez mais estreita e estranha de democracia – o que inevitavelmente e num prazo ainda mais curto do que pensaríamos nos reconduzirá de novo para os tempos difíceis e sem liberdade já previamente vividos pelos nossos antepassados, sem esperança e sem futuro. E nesse sentido não é Portugal que necessita de uma revolução mas todo o Mundo em extensão e compreensão (para deixarmos de ter dúvidas).
Os livros como objeto de censura no período do Estado Novo
(Aquilino Ribeiro)
Antes do 25 de Abril de 1974 era assim:
CENSURA – RELATÓRIO Nº 6282 (7 DE FEVEREIRO DE 1959)
RELATIVO A “QUANDO OS LOBOS UIVAM” DE AQUILINO RIBEIRO
(blogue Ephemera – Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira)
«O autor intitula este livro de romance, mas com mais propriedade deveria chamar-lhe de romance panfletário, porque todo ele foi arquitectado para fazer um odioso ataque à actual situação política.
Escrito numa prosa viril, classifica o governo de "piratas" e descreve várias Autoridades, Funcionários, Polícia, Guarda Republicana e Tribunais em termos indignos e insultuosos.
Um interrogatório num posto da G.N.R. e uma audiência dum Tribunal Plenário, são focados de uma forma infamantes.
São desnecessárias mais citações, porque basta folhear o livro, encontra-se logo matéria censurável em profusão.
É evidente que, se o original tivesse sido submetido a censura prévia, não teria sido autorizado, porque é, talvez, a obra de maior ataque político que ultimamente tenho lido.
Sucede, porém, estou disso certo, que já devem ter sido vendidos muitas centenas de exemplares, e muitos outros também, já devem ter passado a fronteira, por isso, deixo ao esclarecido critério de V. Exa., decidir se nesta altura, será de boa política mandar apreender o livro, fazendo-lhe (...)»
Com base no relatório, lê-se, foram tomas das seguintes decisões:
1) Não autorizada a reedição;
2) Não permitidas críticas em imprensa;
3) Apreender os poucos exemplares que, possivelmente, existam (...)
(texto final/itálico: quandooslobosuivam.blogs.sapo.pt – imagem: José Vilhena/Gaiola Aberta e Livraria Bertrand/bertrand.pt)
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O Monstro Criador Do Monstro E Que Não Usa Espelho
Com o Rei a chamar os seus mais próximos e fiéis Vassalos para o interior e segurança do seu Castelo, o que irão fazer agora para sobreviverem, a Plebe e os restantes vassalos despromovidos, abandonados como o foram à sua sorte e sem qualquer tipo de direitos no exterior das muralhas protectoras do castelo?
“Em 25 de Abril de 2013 a Sua e a Nossa Miséria ainda não o convenceram”
Só um povo lobotomizado se poderia esquecer da miséria e empobrecimento a que os seus políticos os conduziram.
Como acho que eles ainda não atingiram com a sua plebe esse nível supremo de submissão e indiferença, será sempre muito difícil para nós esquecermos a cara dos nossos carrascos.
Ainda por cima quando este grupo vive e nos olha com desprezo do alto do seu paraíso, rodeado a uma distância segura do Purgatório e dos seus fiéis mercenários, enquanto nos olha cinicamente a ardermos no Inferno por eles criado.
E com alguém ao leme a conduzir-nos deliberadamente para o abismo, como demiti-lo se for Presidente?
O Retrato do Inferno e da total falta de Vergonha
Esta imagem concentra num só indivíduo tudo o que de pior surgiu após a queda do Estado Novo no – para nós parecendo já tão distante – dia da Revolução.
Um Presidente que toma pela primeira vez na história de Portugal após o 25 de Abril de 1974 partido por uma das facções políticas, ignorando com a sua posição demagógica e insultuosa todos os que nele não votaram e desprezando de uma forma ignóbil e descarada todo o eleitorado que nele votou e confiou e que o governo esquizofrénico actual enganou e esqueceu.
Com um governo irresponsável, incompetente e criminoso como este, destacando-se pelo desrespeito por tudo e por todos – incluindo o seu programa e os seus militantes – revela-se agora diante de nós e de uma forma clara e prepotente o enviado do Inferno, como um enorme rochedo protegendo os seus filhos e afilhados e ameaçando esmagar como potenciais inimigos, todos os outros à sua volta.
Provavelmente Humberto Delgado diria: “Obviamente Demito-o”!
Mas o que ele merecia – como todos os que tem comido da mesma panela – era ser demitido e julgado!
(imagem: Assembleia da República/Comemorações do 25 Abril/2013 – retirada da Web)