ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Solidão
Um Navegador Solitário foi encontrado Mumificado a bordo do seu barco Fantasma
Apesar da sua grande extensão marítima e da partilha conjunta da mesma região do Globo terrestre com outro gigante dos mares, ainda é possível de se atingir mesmo que esse não seja o nosso objetivo de momento a descoberta final da verdade e a identificação do artefacto: e tal como na terra e no ar e mesmo guardando segredo, a água tudo limpa como a vida tudo revela. Existindo no entanto exceções (temporárias) mas de não de origem natural (por pretensamente definitivas) – como o comprova a sigla MH370.
Um navegador solitário alemão (Manfred Fritz Bajorat) com cerca de 60 anos de idade e viajando há já vários anos no seu iate particular através dos muitos mares e oceanos deste mundo (a Terra), foi encontrado morto a bordo do seu barco quando atravessava o oceano Pacífico numa viagem que já decorria há alguns anos: sentado na cadeira da sua secretária e inclinado sobre a mesma, o corpo mumificado do navegador europeu parecia ter-se deixado levar pelo cansaço repetitivo do quotidiano, encontrando-se agora num sono profundo talvez partilhado por sonhos (ou até por pesadelos).
Foi descoberto no oceano Pacífico a cerca de 100Km das Filipinas (da localidade costeira de Barabo) muito perto da zona que divide este grande oceano de outro gigante dos mares: o oceano Índico. Segundo informações fornecidas pelas autoridades com o barco a ser encontrado por dois pescadores locais com a sua vela partida e completamente à deriva, indicando através de todos os vestígios aí encontrados que se poderia encontrar nesta situação há já vários anos. No seu interior contando com a presença do marinheiro alemão com mais de 20 anos de vida e de experiência no mar, morto, mumificado, solitário, mas nunca esquecido.
Manfred Fritz Bajorat: mais um de muitos no meio de muitos outros milhões que aleatoriamente ou por um mero acaso e/ou necessidade, escolheram um caminho diferente para a última etapa da sua presença consciente (ou aparentemente real) neste seu primeiro (e constantemente replicado) refúgio maternal, para dessa forma e fazendo integral usufruto dele, elaborarem um último e desesperado plano de escape e de divina ressurreição. Que como todos nós sabemos se encontra sempre entre o caos e a ordem, associada à organização, à inteligência e à interação – entre a matéria e a energia e conjugando movimento.
Uma viagem que se terá iniciado por volta de 1980 com a travessia num outro barco da linha do Equador (na altura na companhia da sua mulher) e que mais tarde em solitário e num outro barco terá prosseguido com uma viagem à volta do mundo. Com o derradeiro contacto visual com o navegador solitário alemão a ser registado no ano de 2009, no porto espanhol de Palma de Maiorca. Finalmente descoberto (7 anos depois) à deriva no Pacífico provavelmente já morto há anos (1 a 7 anos) mas muito bem conservado: virtudes dos ventos secos do mar, das temperaturas elevadas e do ar salgado envolvente – que como todos sabemos ajudam a preservar (em perspetiva física comparativa como se fosse carne fumada).
Concluindo-se que a morte ainda pode ser um ato solitário (na realidade sendo-o certamente) e que mesmo não se acreditando nela estaremos sempre à sua espera (a sua presença é um facto constante como um dos armários a frequentar – ou a esconder para revelar). Como diriam os JAFUMEGA (grupo de rock do Porto dos anos 80):
“A ponte é uma passagem para a outra margem”!
(dados: Rosella Lorenzi/Discovery News – imagem: Barabo Police Station)
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Espaço 2011
A Lua vista da Terra
Uma bala disparada por uma espingarda perdeu-se na escuridão do espaço.
Projectando-se sobre um horizonte bem definido, recortado pelo cume das falésias de uma praia, há muito tempo atrás, banhada pelas águas de um mar.
Ao fundo a bala artificial, olha-nos fixamente devorando-nos a alma, sem pestanejar e sem palpitar, revelando na sua face, a topografia de um mundo solitário.
E circulando em volta da sua referência, de face voltada sempre para o mesmo lado, enterrada no negrume de um céu sempre invisível, eis que este projéctil se revela como algo, que não faz parte deste mundo.