ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
FF em Albufeira
E se para Comunicar não fosse necessário usar um Código?
(limitado a letras e números)
De 29 de Novembro a 3 de Dezembro no Recinto do Mercado (mesmo ao lado do Terminal Rodoviário) desenrola-se a Feira Franca (de Albufeira) com carrosséis e farturas e muito mais a descobrir (e também se podendo sonhar). Este ano com o bom tempo a acompanhar o evento (popular e de natal) convidando a umas castanhas e a uma bebida amiga (quentinha, fresquinha ou então ao natural). Relaxando-se aí um pouco a caminho do Natal.
As Luzes da Feira Franca muito próximas do Imortal
Ou não tivesse tudo origem no vazio sendo tudo uma consequência desse nada.
(nessa junção estando a compreensão de Infinito)
Ao anoitecer deste Novembro frio, seco e sem chuva, tendo a seu lado os jovens (futebolistas) do Imortal (em período noturno de treino e antecedendo um feriado), desligados do evento (eventualmente por espaços e por momentos) mas sendo invadidos pelo mesmo: com O Som & As Luzes a invadirem o recinto e sem mesmo se aperceberem a registá-los no tempo ‒ ali e num Salto à Feira. Ou não fosse a Vida um Circo (aproveitado sendo Bom).
(imagens: PA)
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E Um Dia Fomos à Bruxa (4/4)
Novos Ficheiros Secretos – Albufeira XXI
(tomo A/31.5)
Dia 6
6.ª Etapa da Viagem
(Um Salto até Lagos a Caminho de Sagres)
No final os dois corpos uniram-se, fundiram-se num único ponto e transformaram-se em algo de novo explodindo como uma partícula. Dando origem à vida e continuando a anterior. E debaixo desta catadupa pesada e ininterrupta de informação não aguentamos e caímos logo ali desamparados e inconscientes. Mas continuando a sonhar até nos perdermos neste Mundo.
Acordamos já era de dia: quando os primeiros raios de Sol já aqueciam o nosso corpo e a vida em torno de nós já tinha iniciado mais um dia de trabalho e de partilha. Ainda pensáramos por segundos se não teria sido um sonho, algum efeito do medronho ou de outro tóxico qualquer, mas tudo era real e estava connosco (no interior) ou diante de nós (no exterior). A noite anterior fora demais e os nossos corpos continuavam a dar sinais evidentes disso: que nos lembrássemos caíramos a dormir já depois das cinco da madrugada e as outras cinco horas de sono que tivéramos não se tinham revelado suficientes. Mas se queríamos cumprir o plano que nos tinha sido proposto na noite passada, o mais cedo que fosse possível deveríamos dirigir-nos a Lagos e ao farol da Ponta da Piedade. Aí estaria alguém à nossa espera. O único problema é que estávamos em pleno fim-de-semana (era sábado), o movimento na cidade seria intensa e nós teríamos que atravessar aquilo tudo e toda aquela gente (curiosa e muito faladora).
Custou-nos bastante fazer o trajecto a pé até Lagos, com o dia de calor que já se fazia sentir e com o cansaço e o suor completamente agarrados aos nossos corpos (sentíamos os próprios poros como que se estivessem entupidos): atravessamos campos e cerros até chegarmos à entrada da cidade, ultrapassamos a respectiva ponte de acesso e por volta das 16:00 da tarde estávamos no início da avenida que ia dar ao nosso farol. Fizemos toda a avenida com as nossas mochilas às costas, parecendo um grupo de maltrapilhos meio amalucados, seguindo em fila para não perderem o tino. Passámos rapidamente diante do antigo Mercado de Escravos e ainda com as pessoas a apontarem para nós seguimos directamente e em passo ainda mais acelerado até ao Forte da Ponta da Bandeira. Num canto mais protegido da muralha procuramos então um local para repousar por uns momentos, acondicionamo-nos o melhor que nos foi possível e enquanto apagávamos a sede fechamos os olhos por uns breves instantes: sentíamo-nos sujos, com a sujidade colada ao nosso corpo (com a ajuda das vagas sucessivas de suor) e com as nossas roupas a começarem a cheirar (mal) e a incomodarem os nossos órgãos do olfacto. Ficamos por ali até por volta das sete da tarde só abandonando o local com a chegada das autoridades. Perguntaram-nos o que estávamos ali a fazer (um local em princípio autorizado ou talvez não) e como não déssemos uma resposta válida (para eles totalmente satisfatória) pediram-nos para que logo que fosse possível abandonássemos o local, sob o pretexto de que o espaço já fechara e seria sujeito de seguida às normais operações diárias de manutenção. Pelo meio ainda nos pediram a identificação. Ficaram admirados por verem três cidadãos como nós, bem estabelecidos numa cidade próxima de Lagos, pudessem andar ali como verdadeiros maltrapilhos e a arrastarem-se sem nenhuma razão aparente. Apesar de tudo e como seria natural deram-nos as boas tardes e continuaram o seu serviço. E lá arrancamos em direcção ao farol para um percurso de pouco mais de dois quilómetros e cerca de meia hora a pé. Às oito estávamos lado a lado com o nosso objectivo.
Descansamos mais um pouco e de seguida fomos à procura da descida que nos conduziria à gruta junto ao mar, onde conforme estabelecido estaria um barco à nossa espera. Rapidamente a encontramos (bastava ver por onde as pessoas andavam) e olhamos lá para baixo: uma escada velha e bastante íngreme descia uma boa dezena de metros falésia abaixo, com o mar bem visível lá no fundo, a ondular suavemente entre os rochedos. Já não se via ninguém a circular por ali, agora que se chegava ao fim do dia e se aproximava a hora de jantar. Mas era ainda muito cedo: o encontro estava marcado para a meia-noite e ainda tínhamos mais de três horas de espera (e de impaciência e suspense). Um de nós foi então até uma roulotte que se encontrava estacionada nas proximidades, comprar alguma coisa de quente e de sólido que nos fizesse ultrapassar este péssimo estado geral (principalmente físico) em que nos encontrávamos: umas bifanas acabadinhas de fazer, acompanhadas por batatas fritas, uma pequena salada e até uma sopa (quentinha) de legumes, acabaram por de novo nos recompor, pondo-nos a ver com melhor olhos as horas que se avizinhavam. Resolvemos fazer uma sesta (com um de nós sempre atento à passagem das horas) e aí ficamos até perto das 11:30 da noite. Levantamo-nos, arrumamos tudo, ainda nos entretivemos com um cão que por ali passava (o cheiro do resto do embrulho das bifanas, deve tê-lo atraído) e iniciamos a descida. E cinco minutos antes da hora e com os três sozinhos junto da gruta aguardamos. À meia-noite em ponto um velho barco a remos agora com um motor adaptado parou junto de nós: entramos e o condutor conduziu-nos junto à costa em direcção a ocidente. Nem cinco minutos depois uma luz aproximou-se vinda do mar e acompanhou-nos por segundos até o barco parar. Com o motor parado um grande silêncio se instalou sobre o mar até que uma porta se abriu e do estranho veículo agora estacionado sobre a água mesmo ao nosso lado, saiu uma ponte pela qual passamos entrando no seu interior. Nem sabendo muito bem como tínhamos viajado em tão poucos segundos e saindo do veículo mal tínhamos entrado, encontramo-nos repentinamente na fortaleza de Sagres às portas de uma pousada. Sem perguntar dirigimo-nos para o local e aconselhados por um indivíduo que lá nos esperava (fardado, de óculos, de capacete e nunca mostrando todo o rosto) fomos logo descansar. Acordar-nos-ia por volta das oito.
Dia 7
7.ª Etapa da Viagem
(À Aventura)
Por volta das sete da manhã e com os primeiros raios de Sol a começarem a entrar pela janela, levantei-me e fui ligar a televisão: era Domingo, a meteorologia previa a continuação do bom tempo e estávamos no último dia (por nós anteriormente definido) para a conclusão (e nunca fim) desta nossa grande aventura. Era inacreditável tudo por que tínhamos passado, ainda por cima agora, que estávamos tão bem instalados num belo aposento de uma confortável pousada. Mas nem tudo estava ainda acabado. Fui acordar os outros dois e aproveitei para tomar um duche rápido. Às oito a campainha do quarto tocou. Aparentemente o mesmo indivíduo que nos transportara na noite passada entregava-nos agora um pequeno subscrito. Fardado, ainda com a cabeça e o rosto encoberto e após entregar a mensagem fechada, despedindo-se e desaparecendo de imediato ao dobrar a esquina do corredor. Enquanto os outros se aproximavam abri o envelope, tirei de lá uma folha dobrada e tentei ver o que dizia. Como já estávamos todos sentados, pedi-lhes a atenção e li: “Ponto de encontro exactamente ao meio-dia junto do acesso às escadas que levam à parte superior da torre-cisterna, localizada na extremidade esquerda (para quem entra na fortaleza) dos edifícios visíveis, logo à entrada. Aguardar no local”. Daqui a pouco mais de três horas. E ainda mais um passeio a pé da pousada até à Fortaleza (talvez uma meia hora). Lá fora o tempo adivinhava-se perfeito com o mar calmo e sem ondas.
A caminhada até à fortaleza foi feita de uma forma tranquila, dando-nos tempo suficiente para aproveitar o bom tempo que se fazia sentir na região (muito gente já se encontrava na praia) e ainda dar uma espreitadela pelas ruas da vila de Sagres. Para entrar na fortaleza ainda tivemos que comprar bilhete, o que até poderia ter sido um factor impeditivo para aquilo que pretendíamos fazer (a continuação da nossa viagem) já que o pouco dinheiro que trouxéramos estava mesmo a acabar. Mas lá conseguimos o dinheiro suficiente e com os respectivos bilhetes foi-nos permitido entrar. Foi fácil encontrar a torre-cisterna, situada do lado do promontório a partir do qual poderíamos ver a pousada onde antes pernoitáramos. E aí nos deixamos ficar até ao meio-dia, vendo-se pouco ou nenhum movimento à medida que o calor aumentava e se ia aproximando a hora do almoço. E à hora uma abertura se abriu na parede lateral da cisterna mesmo junto ao acesso às escadas (não nos tínhamos apercebido antes da sua existência) e no seu interior vimos aquilo que seria a caixa de um elevador pronta para nos receber: entramos e logo a porta se fechou. Começamos a descer muito rapidamente.
Já bem instalados nos nossos lugares recebemos a informação de que estaríamos muito próximos da largada. Ouvimos o sinal de aviso soar e ao contrário das forças que esperávamos começarem a actuar fortemente sobre o nosso corpo (devido ao forte arranque e à actuação contrária da força da gravidade), o início e a continuação do movimento da nave que nos transportava praticamente nem se sentiu, ao mesmo tempo que pela janela víamos o exterior submarino a passar por nós a grande velocidade, até ao momento em que emergimos e disparamos em velocidade estonteante pela atmosfera terrestre. A costa algarvia afastou-se rapidamente, o continente foi ficando cada vez mais pequeno, a própria Terra começou a encaixar-se na sua totalidade dentro da nossa janela e já mais afastados desta ainda vimos a pequena ISS. Então disparamos e no segundo seguinte o Espaço que antes nos rodeava já não era o mesmo. Estávamos num Universo distinto.
Vimos então a nave a reentrar no nosso espaço de origem, com o planeta Terra diante de nós a aproximar-se a grande velocidade e com os seus continentes a começarem a definir cada vez com maior detalhe os seus verdadeiros contornos: começávamos a reconhecer os limites da Europa e a sua parte mais ocidental (onde se localizava o Algarve). E no momento seguinte como que houve um interregno temporal e inesperadamente (sem aviso ou outro tipo de informação) encontrávamo-nos de novo no elevador que utilizáramos na fortaleza. Sentimos que nos deslocávamos para cima e segundos depois este parou: a porta abriu-se, saímos da cabine e vimo-nos para nosso grande espanto no que deveria ser o Promontório de Sagres mas ainda sem a sua fortaleza. A paisagem à nossa volta era bem diferente daquela que conhecíamos, com toda a estrutura rochosa na qual nos encontrávamos e o mar situado nas suas proximidades, apresentando parâmetros e condições totalmente desfasadas da nossa realidade. Nesta realidade que aqui nos era proposta a linha de costa situava-se um pouco mais a sul e o local onde nos encontrávamos era apenas uma das grandes elevações por ali dispersas. Os terrenos em volta em vez de serem desprovidos de fauna e de flora (como consequência da urbanização imposta pelos humanos), eram pelo contrário bastante densos e selvagens. O ar parecia ter mais cheiro e um pouco mais de humidade, apresentando no entanto um perfume bastante agradável e fazendo-nos lembrar os odores puros da Natureza. Víamos algumas aves que ainda não identificáramos (éramos uns ignorantes nessa área) e fortes vestígios da presença de animais. Ao fundo a vegetação agitou-se e por momentos ficamos bastante receosos: por entre os arbustos surgiram então dois grandes javalis, que vendo que não constituíamos para ambos qualquer tipo de perigo pelo menos imediato, atravessaram a correr o caminho e tornaram a desaparecer. Um de nós ainda avançou (corajosamente) em direcção ao caminho por onde os animais tinham passado e chamado à atenção por algo que vira entre os arbustos deslocou-se uns metros para um dos lados: e aí enquanto olhava melhor para o que tinha acabado de descobrir caído no solo, olhou-nos com espanto e chamou-nos. Segundo ele e pelos objectos que acabara de descobrir (utensílios, ferramentas e conhecimento da sua utilização), estaríamos muito provavelmente na Pré-História do Algarve: o instrumento de pedra descoberto e recentemente utilizado para cozinhar (e que se encontrava ao lado dele), ferramentas como uma parte de um machado (quebrado) e alguns seixos utilizados para corte ou até para caça (nas suas mãos tinha algumas pontas de setas), indicavam que estariam num outro mundo (passado) muito diferente do deles (talvez a uns 5.000 anos de distância) e que à sua volta também existiriam outros homens – de outra era, com outras armas e com outros argumentos, que necessariamente não seriam os deles. E isso preocupava-os agora que estavam para ali perdidos numa terra que sendo deles também o era estranha. Felizmente que a nossa aventura fora pensada por nós, mas planeada por outros. Subitamente sentimos (interiormente) que algo de estranho estaria a suceder à nossa volta, só que ainda não identificáramos o quê: o local até que poderia ter sido uma sequência cronológica de Sagres, mas a cada minuto que passava, o ambiente que nos envolvia parecia um pouco mais retocado, um pouco mais artificial. O problema talvez não estivesse na composição e misturas de cores, provavelmente mais uma questão de iluminação. Olhei então para o Céu. A minha surpresa compartilhada com os restantes, foi de incredibilidade e imediata: noutra posição bem distinta do horizonte o que poderia muito bem ser um outro Sol, começava a fazer notar a sua crescente claridade.
Instantaneamente a execução foi interrompida. Toda a acção foi rebobinada e no exacto ponto de restauro (onde se verificara o problema), foi então introduzido um novo ficheiro prioritário (de actualização e regresso).
Devemos ter ficado inconscientes. Só me recordava do segundo Sol a nascer e das cores indescritíveis que nos iam começando a chegar vindos da sua direcção (a partir do instante em que subitamente o astro se começara a abrir) e de como a sua primeira vaga de raios solares nos atingira directamente e de uma forma que pelos vistos fora fulminante. Como se repentinamente apanhados pelo Sol ficássemos cegos e desorientados. Depois disso nada. Agora não sabia na realidade onde estávamos, não nos sabendo situar no tempo, no espaço ou noutro tipo de parâmetro de uma outra realidade qualquer. Estava escuro e não ouvia ninguém. Nem sabia se sentia. No entanto tinha a certeza que continuava vivo (segundo a minha definição), pois pelo menos continuava a sentir-me interiormente. Era como se estivesse suspenso no vazio e no centro do que seria esse nada estivesse a ver o Universo; e a tentar compreender a minha situação no interior dele. Quando me virasse talvez encontrasse a resposta. Era apenas uma questão de escolha – e de quem talvez e por mim a fizesse (em meu nome, da sua autoria, por todos subscrito e por mim representado). Despertamos ao som de uma campainha (apesar de nunca a termos encontrado).
Apesar do ar que respirávamos ser bem agradável para as nossas vias respiratórias, estávamos completamente às escuras e com as costas bastante doridas por termos estado deitados no chão. Tínhamos que encontrar uma solução. Levantamo-nos, tentamo-nos ligar uns aos outros com partes do nosso vestuário e colocando-nos em fila começamos a andar uns ao lado dos outros tacteando. Estaríamos num corredor: sensivelmente com largura sempre muito semelhante, mais alto do que nós (mesmo saltando) e parecendo subir ligeiramente na direcção em que nos dirigíamos. Mas não havia maneira de se fazer luz. Tínhamos perdido as mochilas e com elas quase todo o equipamento. Pouco ou nada; nem uma única lanterna, fósforos ou qualquer outra luz. E já andávamos nisto há pelo menos meia hora.
A ordem emitida obrigou à apresentação imediata do certificado autorizando a introdução de um novo operador no terminal (da aplicação em execução) e face à sua não existência foi declarada a suspensão do mesmo operador e anulada a ligação do respectivo periférico. E para não problematizar ainda mais a execução do plano original o cenário foi alterado por aperfeiçoamento, tornando-se mais a imagem do objecto visado e menos a visão do interveniente exterior (fosse em que sentido mais ou menos agressiva ela se manifestasse). Uma aventura pode ser uma viagem, desde que não desnecessária e abusivamente manipulada e tratando o objecto visado como se fosse (mesmo) algo sem alma, inútil e vazio. Como assim se dermos alguma liberdade a um prisioneiro, mesmo sentindo-se injustiçado, ele agradece. Tão simples como isso.
A terra tremeu bem, mas felizmente apenas por uns curtos segundos. À nossa frente algo se desmoronou e por momentos pensamos que ficaríamos ali enterrados vivos e para sempre. Mas como o homem muitas vezes se engana neste caso a regra confirmou-se: ao fundo víamos o primeiro raio de luz. Saímos para o exterior num local não muito afastado de uma das entradas nas minas de sal-gema de Loulé. Até parecia mentira: à nossa frente o som e o movimento de um Domingo normal, ainda chegava até aos nossos ouvidos e olhos bem abertos, neste momento para nós único e significando o reencontro.
Se na realidade pensarmos que a nossa vida é um filme, basta rebobiná-lo e pô-lo de novo a correr: para aí verificarmos que nem tudo fica sempre na mesma, nem mesmo aquilo que é e mesmo quando assim nos parece.
E como sempre as férias acabaram e segunda-feira começámos de novo a trabalhar (a vida não dá mesmo descanso – só mesmo a dormir e a sonhar).
Fim da parte 4/4
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Com os Pés
"Ninguém tem o direito de destruir o sacrifício que os portugueses fizeram e de voltar a colocar em risco a possibilidade de podermos sonhar, com os pés na terra, com um futuro melhor."
(Pedro Passos Coelho)
Sacrifício no antigo México
O mesmo poderia ter sido dito por um ignorante qualquer. Suportar a sua afirmação no sofrimento imposto (pelo próprio) a quem prometeu defender, só mesmo de um grandessíssimo incompetente. Invocar como nossos os seus sonhos impostos, só mesmo num pesadelo (Inferno para nós) e climatizado (Paraíso para ele). E informar-nos finalmente do nosso futuro risonho já nós o sabíamos, dispensando apenas a referência intermédia “com os pés na terra”. Dentro ou fora dela?
“Se por acaso decidires indevidamente destruir o teu tranquilo quotidiano de miséria, nunca te esqueças do risco de aí deixarás de sonhar, com os pés fora da terra e sem um pingo de esperança.”
(Eu)
Os pés de Mafalda
Destruir o nosso monótono quotidiano de miséria talvez seja difícil: estamos de tal modo viciados nele e no sossego da sua monotonia, que despertarmos seria um acto revolucionário mas impraticável para um morto-vivo. Acredito no entanto que muitos ainda estarão vivos (primeiro sinal de esperança). Quanto ao risco de deixar de sonhar isso não será obstáculo: esse será sim o sinal de que já estaremos com a realidade, por nós transformada e não delegada (segundo sinal de esperança). E com os pés fora da terra conquistaremos o Universo.
(imagens – Web)
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Momentos Únicos de Prazer
Bom é ficar a ver televisão até de madrugada, sem os mais velhos saberem.
Doce é ter sempre a companhia dos nossos amigos, sem nenhum de nós ter horas para chegar a casa.
Divertido é poder ir a festas todos os dias, sem pensar que um dia isto acabará.
Prazer é saborear um bom petisco num intervalo de diversão permanente, passado na feira popular numa quente noite de verão.
Sonhar com mundos utópicos é um privilégio da nossa juventude e dos tempos em que pensávamos poder controlar com a ativação dos nossos desejos e pensamentos, este mundo que idealizamos poder criar, com as nossas próprias mãos como ferramentas.
Saber é ter a noção de que somos apenas uma projeção ampliada da nossa juventude, que não existem armários dispondo-se como etapas da nossa vida e que o local onde nascemos e passamos pode-se tornar se o quisermos, no nosso mundo eterno, infantil, sem regras e exceções.