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Invasão (2)

Terça-feira, 04.03.14

Ficheiros Secretos – Albufeira XXI

(Invasões Estrangeiras e Movimentos Populares)

 

O aglomerado de naves alienígenas registadas no radar era deveras impressionante: mas afinal de contas o que motivara a resposta inopinada destes seres estrangeiros e intrometidos no nosso planeta? Ou não saberiam ainda – apesar do seu grande avanço tecnológico – que ”entre marido e mulher nunca se deve meter a colher”?

 

A Terra sob ataque Alienígena

 

A casa não se encontrava iluminada e das suas portas e janelas nenhuma luz escoava para o seu exterior. Estava silenciosa no silêncio da noite e nela não se registava qualquer tipo de movimento ou de actividade. Toda ela parecia fechada e vazia no interior. Mas o barbeiro achava que o telefonema existira e ali ou noutro sítio qualquer a idosa poderia estar em perigo: pegou numa pedra e atirou-a contra a janela. Ouviram então os vidros da janela a quebrarem-se, seguido de vários tiros de origem indefinida e cujo troar se prolongou na escuridão profunda da noite. Do meio das árvores ainda viram os seus companheiros a chegarem em seu socorro, com alguns seus conhecidos caçadores a passarem por eles em corrida, ajoelharem-se mais à frente e como numa guerra começarem a disparar. Antes que parassem de disparar já tinham rebentado com toda a fachada da casa. Mas alguns deles ainda conseguiram divisar por escassas décimas de segundo um ser de baixa estatura a esconder-se entre os arbustos das traseiras da casa desaparecendo de seguida. Então a parede da frente da casa como que explodiu, saindo do seu interior disparada como um míssil a botija de gás, anteriormente atingida por algumas das balas: o azar tivera-o o Felício, ao acender o cigarro provocando a explosão – uma parte do corpo e da face queimadas e no mínimo três costelas e o nariz partido. Descontrolados com o sucedido e com os ferimentos provocados no seu companheiro, muitos deles colocaram-se na perseguição do ser desconhecido que antes tinham visto de relance e que muitos deles consideravam como sendo um dos extraterrestres das notícias que estavam ali para os atacar e matar, provocando todos aqueles danos em torno da casa. A perseguição não foi interrompida enquanto não encurralaram o ser misterioso e face à sua resistência e constantes ataques, o abateram. Cautelosamente contornaram a moita onde julgavam que este estivesse e caído no chão coberto de sangue lá estava o enorme javali, ainda quente e com um estranho aparelho colocado à volta do seu pescoço: e com uma luz intermitente a acender e a apagar.

 

Não tendo encontrado mais ninguém vivo por aqueles lados o grupo deslocou-se então na direcção das minas de volfrâmio. Mas antes de aí chegarem sensivelmente a meio do caminho ainda foram surpreendidos por uma aparição que deixou muitos dos homens aterrorizados colocando-os em fuga – com os tipos dos motociclistas na vanguarda dos fugitivos – inicialmente parecendo apenas um ponto luminoso bem lá ao fundo na estrada, mas com o decorrer do tempo aumentando de volume e parecendo associado à imagem dum monstro corpulento e movimentando-se de uma forma ameaçadora – ainda por cima aparentando ter quatro pernas e vários braços ou tentáculos. Da carrinha de caixa aberta soaram dois tiros provavelmente dirigidos para o vulto. Mais três tiros vieram do lado esquerdo, obrigando o chefe de bombeiros a ordenar a todos os elementos ainda ali presentes que parassem de pronto com o tiroteio, já que nem sabiam contra o que estavam a disparar. E foi o que fizeram de melhor: poucos segundos depois passava por eles a desaparecida avó do mecânico, montada na sua velha burra que assustada com os tiros marchava duma forma um pouco descontrolada mas no entanto acelerada, enquanto em cima dela a sua dona esbracejava furiosa brandindo no ar o seu cajado, manifestando a sua revolta pela recepção prestada por aqueles malandros que em vez de trabalharem para o sustento das suas famílias, andavam por ali armados em caçadores e pistoleiros. Com um grito bem audível “malditos bandidos e cabrões, que os céus vos caiam em cima e que sejam todos encornados”, lá acabou a velha com a sua burra por passar por todos e desaparecer na escuridão da noite, deixando-os de novo sozinhos e amedrontados no meio daquela estrada perdida: bonito seria quando esta chegando a casa e visse o estado em que a tinham deixado. Ainda pararam um pouco para reflectir mas a resolução há muito que estava tomada: verificaram o estado de todos os presentes, recalcularam as suas forças – alguns tinham fugido definitivamente – e lançaram-se de novo ao caminho.

 

Na última etapa da viagem até às minas de volfrâmio os telemóveis não paravam de tocar.  As últimas novidades tinham chegado à aldeia com o regresso dos elementos em fuga e no café as mulheres preocupadas – acompanhadas por alguns dos seus filhos extremamente curiosos e entusiasmados com o mistério que envolvia a aldeia e os seus pais – lotavam já todo o espaço que rodeava o café e o mercado, provocando um sobressalto na restante população da aldeia que alarmada com a sua segurança e com a dos seus, não encontrava disposição e tranquilidade para ir para casa dormir: noutro dia qualquer depois das dez horas da noite já muita gente estaria há muito deitada. Na estrada a ordem foi para desligarem os telemóveis: dentro em breve estariam às portas da mina e não poderiam nunca deitar a perder a sua principal vantagem no terreno, o factor de surpresa.

 

Ainda não eram onze da noite quando chegaram aos portões exteriores, que protegiam o terreno onde a mina estava implantada. O céu estava quase todo estrelado, mas com algumas nuvens ameaçadoras vindas do lado do mar e que aos poucos o iam escurecendo, sugerindo uma possível chegada da chuva nas próximas horas durante a madrugada. Decidiram que apenas um pequeno grupo se dirigiria ao edifício central e se necessário ao interior da mina. Os restantes permaneceriam vigilantes junto dos portões sempre atentos às suas instruções e nunca actuando por iniciativa própria – só mesmo em caso de força maior e postos perante uma situação limite, em que vissem a sua vida e a do grupo mais avançado em perigo. O pequeno grupo de quatro elementos dirigiu-se então pelo caminho de acesso até à zona onde se encontrava o edifício. E foi aí quando se preparavam para entrar que o inesperado aconteceu: não que não o esperassem, mas porque na realidade não acreditavam naquilo que pensavam que pudesse acontecer. No fundo não tinham conhecimento de casos semelhantes anteriormente ocorridos e se mesmo assim se falasse às escondidas de casos similares, tal nunca passara de mera conversa, tal e qual como o das Bruxas de Queiriga.

 

O primeiro sinal veio do céu com um raio luminoso a atravessar a escuridão da noite e a concentrar o seu foco mesmo à frente deles: era de tal forma intenso que tiveram que virar-se de costas. Quando se voltaram de novo foram surpreendidos pela presença de três seres brilhantes parecendo flutuar sobre o solo e que de certeza que não eram humanos. Estando o jovem sacristão presente o Sr. Silva ainda o ouviu gritar, “nossa senhora santíssima parecem os três pastorinhos” antes de desmaiar de emoção e cair desamparado, enquanto os restantes elementos paralisados pelo medo viam quase sem respirar o avançar das três aparições. Pararam a um metro deles. Apresentaram-se como Lucy, Frank e Jacy – com a pequena Jacy a parecer a mais nova – intitulando-se como os verdadeiros e únicos representantes do Anjo de Portugal: estavam ali para trazerem a Paz e anunciar mais uma vez ao Mundo o poder do Amor e da Fé. Nessa altura um novo raio atravessou a grande velocidade o céu, indo incidir directamente no ponto de acesso aos espaços subterrâneos da mina: enquanto essa zona à superfície se iluminava, também no céu nocturno era agora bem visível a aproximação dum objecto voador desconhecido e que parecia vir na direcção deles. Uns segundos antes de aterrarem ainda ouviram um tiroteio intenso vindo do local onde tinham ficado os restantes elementos do grupo, mas que rapidamente terminou, nada mais se ouvindo senão o ruído provocado pela nave extraterrestre. O barbeiro sempre tinha razão e poderiam estar de caras perante a primeira vaga de invasores: a evocação de Fátima pelo sacristão só poderia ser mesmo um caso típico de manipulação da mente, aplicada através dum método de sugestão de cenários pretensamente reais, mas aqui apenas modelados e replicados. Tinham de ter cuidado com o trio e ver aquelas três entidades como meras projecções dependentes introduzidas no cenário e movimentando-se sempre à ordem de operadores (externos).

 

Os extraterrestres e os seus objectos voadores circulares e brilhantes

 

A nave tinha a forma dum chapéu de cor cinzenta. Não se viam nenhumas aberturas nem qualquer tipo de janelas: tal e qual como um disco voador. E no acesso à mina registava-se agora movimento. Uma máquina operada do exterior transportava um pequeno artefacto em direcção ao objecto voador que se encontrava na frente deles, enquanto as três aparições pareciam paralisadas num êxtase de pura observação, como se tivessem posto um gravador na posição de pausa, para mais facilmente se dedicarem à operação agora considerada prioritária. Chegada ao disco voador a máquina parou e abriu-se uma pequena porta na sua superfície lisa e cinzenta: vindo do interior um feixe de raios luminosos incidiu sobre o artefacto, fazendo com que este desaparecesse de imediato – tal como a porta do objecto voador. Por essa altura ouviram uns ruídos vindos do caminho pelo qual ali tinham chegado e olhando para o lado viram alguns dos seus companheiros escondidos no meio da paisagem que os rodeava, fazendo-lhes sinais contínuos e apontando para as suas armas, enquanto olhavam de boca aberta e assustados, para o cenário que os seus colegas (provavelmente em perigo de vida) também ocupavam. Num único segundo muito aconteceu:

- Da retaguarda vieram os primeiros tiros que fizeram com que o barbeiro e os restantes elementos avançados se atirassem instintivamente para o solo; logo de seguida e enquanto caíam sobre a terra, ainda puderam ver as aparições a desvanecerem-se e a evaporarem-se – como se nunca lá tivessem estado – no ar; instantaneamente o disco voador disparou e desapareceu na escuridão da noite, ficando apenas à entrada da mina o ser ou máquina que anteriormente operara o transporte do artefacto, entre a mesma e o aparelho. Um novo raio dirigido do céu acabou por finalizar o encontro, caindo todo o local numa profunda escuridão: o choque visual luz-escuridão quase que os cegara, deixando-os por momentos inoperacionais. E quando conseguiram ver de novo o espaço, estavam sozinhos na mina de volfrâmio.

 

Era exactamente meia-noite quando o chefe de bombeiros olhou para o relógio. Dos mais de trinta voluntários restavam pouco mais duma dezena: os restantes já tinham regressado há muito à aldeia. Depois duma rápida vistoria e de nada de assinalável ter sido encontrado, decidiram finalmente regressar a casa e enfrentarem as suas mulheres. Assim à uma hora do dia seguinte viraram as costas à mina e dirigiram-se no sentido contrário. Já na vizinhança da casa da avó do mecânico – que aparecia cabisbaixa e abatida à entrada destruída de sua casa, enquanto o burro já mais tranquila descansava debaixo do alpendre meio tombado – viram vindo de trás um grande clarão, que iluminou por momentos toda a paisagem em seu redor tal e qual como se fosse de dia e de imediato desapareceu, escurecendo tudo e deixando-nos de novo cegos. O que mais se queixou foi o Aurélio, na altura do clarão virado para trás, mas por sorte procurando ao nível do solo a chave do carro que deixara cair. Restabelecidos do choque e já sem forças nem paciência para mais coisas estranhas, extraordinárias, incompreensíveis e talvez mesmo irreais por imaginadas, instalaram convenientemente a avó, prometeram assistência imediata no dia seguinte (pedindo desculpas) e lá se foram. Chegaram à terra já todos se tinham ido deitar, reduzidos à carrinha de caixa aberta, dois motociclos e apenas dez homens dos iniciais: o outro – o Aurélio – ficara a prestar apoio à velhota, até para repousar do choque anteriormente sofrido. Na cama as mulheres já de sono ferrado pouco se mexeram. Pouco antes do amanhecer um relâmpago iluminou a aldeia: mas só os animais vadios e selvagens o viram. Quanto ao pastor com a espera da noite anterior bebera um pouco mais e deixara-se dormir.

 

Quando o Aurélio chegou ao café do mercado na companhia da nossa Avó, já a manhã ia a meio. O movimento era o de um dia normal de semana e até no café – ao contrário do que estava à espera – parecia estar um ambiente mesmo muito tranquilo, não extravasando para o seu exterior nenhum tipo de som ou de conversa perceptível. Nem sequer via ninguém conhecido. Por mais que fosse um recém-chegado àquela aldeia da Beira Alta, o jovem Aurélio como responsável contabilístico e financeiro da Cooperativa do Alto Paiva, já conhecia muito bem muita gente da aldeia e da região: não fora por acaso aceite na aventura da noite anterior – com acontecimentos aos quais nunca sonhara na vida assistir – e não ficara por acaso encarregue da velhota. Mas a realidade é que ninguém o esperava no café: e quando o Sr. Silva lhe deu os bons dias do interior da barbearia e lhe perguntou fazendo uma cara de espanto e de crítica o que fazia ali com a velhota – apresentavam os dois uma aparência cansada e desleixada – apenas pensou que “só o poderiam estar a gozar”.

 

E então foi a confusão total no mercado com o Aurélio aos gritos para o interior da barbearia com a velhota cansada e aparentemente mal tratada a seu lado, enquanto o povo se juntava à sua volta e alguém ia chamar as autoridades e pessoas mais importantes da aldeia. E já lá estavam todos quando o Aurélio se voltou para a multidão e vislumbrando no meio deste os seus colegas da noite anterior espantados e de olhos muito abertos a olhar para ele, abriu a boca dirigindo-lhes de modo a que todos os vissem as suas claras e duras palavras: “Mas de que é que estão à espera para nos ajudar seus cabrões ou acham que não têm nada a ver com o que se passou na noite anterior? Quase que matavam a velhota! E já se esqueceram dos extraterrestres ou têm medo das vossas mulheres? Não acreditam? Obriguem estes cobardes a regressarem à mina de volfrâmio”! Juntamente com o elemento da GNR e a colaboração de algumas pessoas presentes lá conseguiram imobilizar o pobre do Aurélio – desaparecido desde a noite anterior – e com a ajuda do enfermeiro residente aplicar-lhe um calmante pondo-o logo a dormir. À avó levaram-na para casa duma vizinha, tentando recuperar a velhota e descobrir o sucedido: de certeza que ela diria algo de esclarecedor apesar de momento só falar em tiros, demónios e luzes no céu. Coitados: “tinham ficado os dois apanhados da cabeça, como se fosse obra do demónio” – pensava a beata da vizinha.

 

Nunca existira nas proximidades da aldeia – num círculo de raio superior a 50 quilómetros – qualquer mina de volfrâmio ou de outro tipo de minério conhecido. Ninguém tinha abandonado naquela noite a aldeia, a não ser o Aurélio e para destino desconhecido. E o psiquiatra descrevera o paciente como “estando a viver num cenário fictício por ele projectado e baseado numa pretensa realidade por ele próprio simulada, mas duma forma distorcida”, aconselhando do cimo da sua erudição e superioridade mental, internamento e descanso profundo e imediato. E na sua cabeça o Aurélio lá ia contando os segundos que faltavam até que os alienígenas voltassem de novo, enquanto a Avó do mecânico ligava para a sua imobiliária em Viseu, informando-lhes dum excelente terreno que tinha na sua posse pronto a comercializar. E de Paris veio o comprador.

 

A Invasão tinha sido suspensa até novas ordens: os métodos a adoptar no futuro seriam outros, imprevistos e irreversíveis.

 

Fim da 2.ª parte de 2

 

(imagens – Web)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 01:33

Elites

Segunda-feira, 05.12.11

Natal e Passagem de Ano em Albufeira

 

Apenas num ano: da riqueza total até à pobreza extrema

 

Lembram-se dos 500.000 euros para a passagem do ano anterior e do orçamento de 100.000.000 de euros da câmara municipal para este ano?

 

Talvez não haja muita esperança este ano para o nascimento do menino Jesus, mas como esta terra é uma terra de milagres, talvez a festa se faça no fim, com algumas esmolas oferecidas, para uma boa garrafa de vinho.

 

Ou então sem se esperar, uma surpresa à Presidente!                          

 

(foto do blogue – albufeira sempre)

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publicado por Produções Anormais - Albufeira às 19:21