ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
A Guerra para lá do Muro
No México trava-se uma luta de morte entre a população mexicana e os cartéis de droga que aí operam: e sendo um negócio extremamente lucrativo tendo a conivência do Estado. Mais tarde do que se pensa começando a fazer parte tal como a prostituição, de uma potencial e a curto-prazo receita extraordinária de Estado. Daí não ser de espantar o Muro de Donald Trump (que por acaso já existia).
Aproveitando um pequeno espaço de tempo disponibilizado para se poder dizer algo sobre alguns casos concretos (sobre um facto confirmado e com provas irrefutáveis da ocorrência do mesmo), observo aqui como exemplo de um evento criminoso ignorado pelas autoridades responsáveis (nunca tomando a iniciativa da investigação), a manifestação organizada por alguns cidadãos mexicanos do estado de Vera Cruz (pais das vítimas a seguir referenciadas), protestando contra a indiferença do seu governo face à descoberta num terreno dessa mesma região de várias sepulturas clandestinas contendo mais de 250 crânios humanos (quase todas vítimas inocentes da guerra de droga declarada e há muito instalada em Vera Cruz no México) – com conhecimento da polícia e sem uma única intervenção desta (muitos destes sob suspeita de integrarem esquadrões da morte).
Um dos locais onde foram encontrados os crânios humanos
(num total de 250)
Veracruz state says up to 2,600 people have disappeared under suspicious circumstances since 2010, at the start of Duarte's term. The Mexican government estimates some 27,000 people have gone missing nationwide since drug-related violence surged a decade ago.
Num estado mexicano onde há muitos anos quem verdadeiramente controla e dirige o dinheiro e o território são grupos armados trabalhando para o narcotráfico, contando não só com a participação de grupos fortemente armados e organizados (em cartéis), como com a colaboração da própria polícia e de dirigentes políticos altamente colocados, os primeiros integrando esquadrões da morte e os segundos encobrindo, recebendo e esquecendo. Com o Presidente do México Enrique Pena Nieto a poder vir a ser recordado como o recordista no falhanço na Luta pela Preservação dos Direitos Humanos no seu país (muito mais que as 300 até agora registadas), assim como já o é o seu ex-colega de partido (PRI), ex- Governador do estado de Vera Cruz e agora fugitivo procurado pela Justiça mexicana Javier Duarte de Ochoa (Governador de 2010 a 2016): como não poderia deixar de ser acusado de corrupção (o pagamento por não ver).
Mães dos desaparecidos
(serviço religioso celebrado em nome das vítimas)
Grieving relatives had been unsuccessful for years in getting local authorities to investigate drug war killings in Mexico. The 2014 disappearance of 43 student teachers in Guerrero state marked a turning point after impromptu search parties uncovered unrelated burial sites across the country.
Um período de tempo que coincide em grande parte com o mandato iniciado em 2012 pelo atual presidente mexicano Enrique Nieto, durante o qual o seu colega mais novo e também militante do eterno partido no poder (no México o PRI), se começou a fazer notar ao aparecer associado a muitos desses crimes, começando pela descoberta de 35 corpos (previamente torturados e atirados para camiões), passando pela descoberta de mais 250 crânios (de vítimas decapitadas) e acabando na morte daqueles que se atreviam a tentar descobrir a verdade e assim denunciá-los: com o Governador inicialmente a ameaçar os jornalistas quando os mesmos lhes colocavam questões pertinentes e ligados a esses casos criminosos envolvendo droga e morte (estranhamente sem solução à vista) e com o seu desejo (ou intenção de Javier Ochoa) a concretizar-se na perfeição com o assassinato de pelo menos 15. Pedindo de seguida a demissão (ao ser acusado) e desaparecendo de vista (para os que estiverem interessados com um prémio de mais de 700 mil euros para quem o capturar).
(texto/itálico e imagens: reuters.com)