ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
UK Elections
A Grã-Bretanha foi a votos na passada quarta-feira. Com as sondagens a apontarem para um possível empate técnico Conservadores/Trabalhistas, a maioria dos cidadãos da Grã-Bretanha não hesitaram e preferiram a continuidade: maioria absoluta Conservadora.
Um vencedor e três demissionários
A Democracia tem destas coisas: se antes permitia a vitória do Fascismo (por maioria de votos, por maioria de armas ou por maioria de ambos), nos nossos dias os números de nada valem (dependendo do sítio da urna). Ora vejam:
• O partido Conservador (24.4%) face ao resultado do partido Trabalhista (20.1%) deveria ter uns 281 lugares; efectivamente tem mais 50 (331);
• O partido Escocês apesar da sua reduzida representatividade (3.1%) face a Conservadores/Trabalhistas é a terceira bancada parlamentar com 56 representantes;
• O partido UKIP apesar dos seus quase 4 milhões de votos (o terceiro partido mais votado com 8.4%) apenas elege 1 representante;
• O partido Democratas/Liberais paga a factura pela sua anterior aliança com os Conservadores, ficando-se pelos 8 representantes;
• E pequenos partidos (na ordem de uma a duas centenas de milhares de votantes) ainda cantam vitória superando o (medalha de bronze) UKIP;
• Tudo isto contando com uma abstenção muito próxima de 1/3 dos votantes, desses 1 em 4 votando Conservadores e com estes últimos a alcançarem a maioria absoluta.
Nada muda, nada nunca mudará. Nem sequer no verdadeiro Hiper-mercado em que se transformou a Grã-Bretanha: de um lado Londres o Centro de Negócios, uma ou outra cidade ainda com aspirações e depois é só paisagem. Pobre e sem intelectuais. A vida está difícil e já não existe esperança. Mas ainda existe emprego e a província é sempre um recurso. Tudo abandonado, infra-estruturas deficientes, tranquilidade absoluta e casas a bom preço. Mas aqui nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. Existem sempre transportes e fábricas de embelezamento. Um país cercado por uma classe política há muito instalada e cordialmente suportada pela Rainha de Inglaterra. Apenas com um pequeno entrave mas difícil de engolir: os escoceses do whisky. Não sendo a água o motivo da separação da Grã-Bretanha do resto da Europa (como o demonstram inequivocamente os emigrantes), mas o convencimento destes ilhéus de que os EUA serão sempre o seu futuro e a sua salvação. Talvez estejam certos mas o mais provável é estarem errados: “amigos, amigos, negócios à parte”.
Os emigrantes poderão ficar descansados: derrotado o candidato Trabalhista tudo continuará exactamente na mesma. Vida escrava mas bem paga (para o emigrante) e o desespero situacionista (para o nacional). Um país pleno de serviços, dinheiro e transformação intermédia: recebendo de todo o mundo, embalando tudo bem e pondo-se ao lado do capital (sem restrições e global). Norte-americano ou chinês (e com árabes pelo meio). No que diz respeito ao futuro da Europa mais uma caixa de surpresas: se por um lado a vitória dos Conservadores é benéfica para a actual política europeia (paralisada na cadeira de rodas, enquanto empurrada pelos EUA), por outro lado até que poderá representar o seu fim, se um dia por um motivo qualquer (para a Europa) a Grã-Bretanha decidir abandonar o Euro. Aí a sua posição exterior seria vital para a Europa. Afastada a França (ultrapassada e sem ideias), diabolizada a Rússia (adversário não submetido) e isolada a Alemanha (indefinição e incompetência), o grupo cingir-se-ia à sede (EUA) e à sua única filial (Reino Unido). Quanto a Portugal se a direita pensa que daí tirará dividendos (afinal de contas a política do Governo anterior funcionou na Grã-Bretanha), nós não somos uma ilha e estamos colados ao continente.
(imagem – Web)