ALBUFEIRA
Um espelho que reflecte a vida, que passa por nós num segundo (espelho)
Um (ainda atual) Retrato de Portugal
De um trabalhador manual (como Catarina Eufémia a Camponesa), como poderia ser de um trabalhador intelectual (como Aquilino Ribeiro o Escritor).
Retrato
Catarina Eufémia. O coração que “batia comunismo” vai-se apagando aos poucos.
(ionline.sapo.pt)
“Chamava-se Catarina/ O Alentejo a viu nascer/
Serranas viram-na em vida/ Baleizão a viu morrer”.
Pela voz de Zeca Afonso, a história de Catarina Eufémia foi ficando guardada nas memórias do comunismo alentejano. A camponesa que deu a vida pela revolução dos trabalhadores, se fosse viva, faria hoje 90 anos.
…
Uma geração sem Catarina Eufémia
Para muitos portugueses, nomeadamente os mais jovens, o nome de Catarina Eufémia não passa hoje de uma rua ou de um largo. “A Catarina tem uma importância enorme, basta ver a quantidade de ruas, praças, pracetas, largos que há em Portugal – especialmente no Alentejo e na zona industrial de Lisboa [para onde vieram grandes comunidades do Alentejo rural nos anos 60] – para ver a importância que teve”, diz o autor (Pedro Prostes da Fonseca autor do livro O Assassínio de Catarina Eufémia). No entanto, entre as pessoas, a história está a perder-se. “Eu fiz o lançamento do livro em Baleizão, na sociedade filarmónica”, conta Prostes da Fonseca. “Disseram-me, ‘atenção que Baleizão não vai ligar nenhuma’, mas eu quis ver com os meus olhos a força que a Catarina teria ainda, neste momento, em Baleizão. Foi uma coisa terrível porque estavam sete ou oito pessoas a assistir à apresentação do livro – uma delas era a filha de Catarina – e cá fora estava imensa gente a beber cerveja e a fazer barulho.”
“Ela continua com a sua estátua no largo central de Baleizão, continua lá a foice e o martelo no local onde supostamente foi abatida”, agora, “a malta mais nova – a sensação com que fiquei – é que não, não tem qualquer interesse.”
Quando questionado sobre a importância desta parte da história, Prostes da Fonseca não tem dúvida de que“faz sempre sentido recuperar a memória histórica”. “É uma pena a história da Catarina ter desaparecido aos poucos, várias pessoas a cantaram, a escreveram – como Sophia de Mello Breyner [no poema “Catarina Eufémia”] –, ela foi muito importante culturalmente. No fundo, é a nossa história. O Estado Novo não tem assim tantas histórias de pessoas que resistiram para Portugal se poder dar ao luxo de passar quase uma esponja por cima desta figura”, critica.
(excertos do texto: Catarina Eufémia. O coração que “batia comunismo” vai-se apagando aos poucos/13.02.2018/ionline.sapo.pt ‒ imagem: ionline.sapo.pt)